sexta-feira, 12 de agosto de 2011

DOIS - O buraco

Capitulo - Dois

Antes que eu me esqueça, eu sei que tudo que aconteceu noite passada foi real, mas eu não quero acreditar por medo.Eu estava ali deitado na cama esperando que tudo aquilo tivesse sido só um sonho, mais não havia sido só um sonho, a minha cama estava fora do lugar, e foi eu mesmo que tirei a cama do lugar dela.Ta tudo tão estranho, não sei o que faço, então só vou esperar e torcer pra que tudo acabe logo.Levantei e fui até o banheiro que era do lado do quarto da minha mãe, que ainda não tinha chegado.Me olhei no espelho, eu estava pálido e com olheiras, parecia que eu não tinha dormido a meses, e sem falar que eu estava bastante exausto.Sai do banheiro e fui até as escadas, descendo elas eu estava torcendo em minha mente para que o telefone não estivesse fora do gancho, e que não tivesse nem um copo na cozinha.Sentei no penúltimo degrau das escadas, o telefone estava fora do gancho, e tinha uns cacos indo para a cozinha.Abaixei a cabeça e fiquei quieto, lembrando de tudo aquilo, era assustador, pela primeira vez eu me sentia morto por dentro, eu sentia que aquilo não podia ser algo bom, o buraco a morte de Lupi, e as tremedeiras no chão, não sei mais o que pensar sobre isso.Terminei de descer as escadas, puis o telefone no gancho e limpei os cacos.Não sei por que mas meu pé estava doendo, eu havia mesmo cortado ele.
-Din don!A campainha tocou, fui correndo atender esperando que fosse minha mãe, mas quando abri a porta, vi que não era ela, era um homem negro com um casaco marrom, e um bigode feio.
-Está tudo bem garoto?Posso falar com sua mãe?Perguntou o rapaz.
-Minha mãe não está.Respondi com um leve toque de tristeza no olhar, e eu senti que aquele homem tinha notado que eu não estava bem.
-A vizinha disse que escutou gritos e copos sendo quebrados, por isso estou aqui.Pode me explicar o que aconteceu?Comecei a ficar nervoso e tremer os dentes.
-Não aconteceu nada senhor, só problemas familiares.Respondi sabendo que ele notaria que era mentira.
-Mas a sua mãe não passou a noite em casa passou?Levei um susto quando ele disse isso abrindo um sorrisinho falso no canto da boca.
-Eee, bem como sa-sabe disso?Perguntei gaguejando.
-Deixe pra lá.Posso entrar garoto?A proposito qual é o seu nome?Pensei por alguns segundos sobre aquele homem não ser policial, eu nem perguntei se ele era policial, mas agora já era tarde demais.
-Claro, por que não.
Abri a porta para que o policial entrasse, no mesmo momento que ele entrou, ele parecia inseguro, desconfiante do que estava fazendo.Ele passou pela sala olhando para cima, para baixo e por todos os cantos da sala.Subiu as escadas e foi até os quartos, e eu o seguindo.Entrando no meu quarto e notei que estava frio, como nos outros dias, mas quando o policial entrou no quarto ele ficou estranho, parecia com medo, então ele disse as pressas.
-Muito obrigado filho.Agora tenho que ir. Olhei para ele e ele estava dando uma leve abaixada para olhar debaixo da cama, e eu acompanhado junto com ele, então nós nos entreolhamos e ele saiu do quarto correndo como se tivesse acabado de ver uma assombração, mas não tinha nada debaixo da cama, e nada no quarto.Ele saiu da casa com um sorriso falso no rosto e foi embora.
Já era duas horas e minha mãe nem tinha ligado para avisar o que poderia ter acontecido, eu já estava começando a ficar com medo, medo de chegar a noite e minha mãe não chegar, isso estava estranho demais, cada dia que se passa isso fica mais estranho, eu estava me sentindo estranho hoje, mas estranho que antes.Eu não sei o que deu na minha cabeça, mais eu resolvi ir para o quarto, meu quarto, isso é que era o pior, mas eu não estava com medo.Chegando no quarto minha visão começou a ficar embaçada, e eu comecei a ficar tonto, nossa o que poderia ser aquilo, comecei a esbarrar nas coisas que estavam em cima do criado que havia do lado da minha cama, e eu nem notava a dor no meu pé, era como se eu estivesse em transe, foi ai que eu comecei a ficar mole, como um boneco de pano, depois de ter esbarrado e derrubado quase tudo que tinha no quarto, deitei na cama de forma brusca, e fiquei uns minutos parado ali, olhando a janela, eu nem podia me mecher direito, na verdade eu não conseguia, então tentei dormir, mas o sono não vinha, não vinha nada em minha mente, não vinha medo, não vinha desespero ou calma, não consigo explicar.Deitado na cama olhando para a janela, percebi que o tempo estava mudando, mais não mudando de sol para chuva e sim de dia para noite, eu na verdade não estava entendo nada, nada mesmo.
O chão começou a tremer outra vez, e eu não fiquei impressionado com aquilo, eu já esperava.Minha tontura não passava.Senti um frio no mesmo momento em que o chão começou a tremer, e comecei a sentir uma presença no quarto, e ouvi também um barulho, como se fosse um ruido, ou um gemido, até que na minha frente, na cabeceira da cama apareceu uma mão branca, chegava a ser meu pálida, a mão parecia estar fazendo força para subir e mostrar o rosto, até que algo saiu debaixo da cama, lembra da coisa negra que eu tinha visto noite passada, acho que era aquilo, mais não tinha face era só uma coisa com capôs.Aquilo começou a apoiar as mãos na cabeceira, se posicionando para olhar para mim, e aquilo realmente ficou olhando para mim, ali parado olhando para mim.Minha visão começou a desembaçar até ficar normal, até tudo ficar normal, meu medo voltou rápido mas eu ainda não conseguia me mecher, de tanto medo, eu não sabia o que fazer, aquilo não parava de me olhar, eu nem sabia se estava me olhando.Mas dava medo, e deu mais medo ainda quando aquilo começou a gritar, berrar era um berro muito alto chegava até mesmo a doer os ouvidos, eu estava apavorado, mas derre pente aquilo parou de berrar, a devagar ela saiu andando para trás, até que chegasse a janela, o bicho jogou o corpo no chão como se estivesse com todos os ossos do corpo sendo quebrados e começou a retorcer até que fosse parar mais uma vez debaixo da cama, e foi se retorcendo até desaparecer, comecei a chorar, fiquei sem reação, então resolvi me levantar, devagar fui andando para longe da cama e fui abaixando a cabeça para ver se tinha algo la debaixo.Tinha algo la debaixo, não sei explicar o que era, mas não era bom, comecei a arrastar a cama, mais uma vez eu me sentia fora de mim, e debaixo da cama estava o buraco, enorme, e de la de dentro eu escutei um berro alto, muito alto, e foi abaixando aos poucos, e derre pente aquele monstro sem face apareceu no buraco e me puxou para dentro, eu não pudi fazer nada, foi muito rápido.Comecei a pensar que era o meu fim, por que eu ia caindo no buraco e aquele monstro ia segurando meus braços, e muitos berros de humanos começou a aparecer, até que tudo parou, não tinha mais fundo, ali era o chão, mais era tudo muito escuro, não dava para ver quase nada, só um pedaço dos braços daquele monstro desaparecendo aos poucos na escuridão, até que não fosse possível ver mais nada ali.Eu estava deitado, com medo e sem reação alguma, só com a esperança de aquilo ser um sonho, mais não era, era real, meu pé ainda doía muito, e eu estava sujo.Ficou tudo em silencio por alguns segundos, até que berros de humanos mais uma vez começaram, mais agora bem mais altos, era como se eles estivessem do meu lado, tampei os ouvidos e fechei os olhos e procurei ficar calmo.Deitado no chão, eu comecei a levantar, e os berros não paravam, eram tão altos que eu comecei a soar e cair no chão outra vez, eu não conseguia me mover.Com meus olhos já abertos vi uma coisa se aproximar, eu não queria acreditar, mas no meio de toda essa escuridão, eu juro que o que estava se aproximando de mim era Lupi, todo despedaçado como eu o vi da ultima vez, esmagado e com os olhos para fora.Comecei a chorar como um bebezinho, só de lembrar daquela cena.Era ele, sem duvidas, ele veio no meu rumo, mancando, até que ele parou, e da escuridão surgiu uma mão, e puxou Lupi.A mão não era a mesma do monstro que eu havia anteriormente, era mais suja e menos pálida, e não era mesmo o mesmo monstro, eu pude ver seu rosto, por que no mesmo momento em que o outro monstro puxou os restos de Lupi ele logo começou a comer Lupi, foi isso que me deu mais medo ainda e me arrancou mais lagrimas.Então fechei os olhos mais uma vez, e me deitei no chão.Passou um tempo e os berros foram ficando mais baixos outra vez, resolvi abrir os olhos.Eu pude ver uma pequena luz no fundo, e aos poucos ela foi crescendo, até que tudo estava claro, tão claro que não pude ver nada.O chão começou a ficar frio, e eu olhei para baixo, e era o chão do meu quarto, pelos lados se pudia ver a parede do meu quarto, sai dali debaixo o mais rápido possível, e eu estava ali no meu quarto, e já era dia.Senti um alivio, e ouvi a campainha tocar, desci correndo as escadas, e abri a porta.-Ufa.Era minha mãe finalmente.Dei um abraço nela, e contei o meu sonho, mas não foi só um sonho, meu pé estava doendo, e antes de sair do quarto pude ver as coisas que eu derrubei quando fiquei tonto.Mas achei melhor dizer para minha mãe que foi só um sonho.

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