terça-feira, 16 de agosto de 2011

TRÊS - Possuida



Parecia que tudo havia ficado normal, desde a ultima noite.Noites normais, e sem sonhos estranhos.Debaixo da minha cama não tinha mais nada, só o meu sapato sujo, que já estava lá a duas semanas.Ah, já se passaram duas semanas e nada aconteceu.Meu pai chegou de sua viagem e minha mãe está passando mais tempo comigo, ela deixou de lado a investigação da morte de Lupi.Agora o que podia acontecer de ruim comigo?
Eu andava pela casa normalmente, procurando o que comer, e topei no caminho da cozinha com meu pai voltando de lá com uma arma da mão.
-O que vai fazer com isso pai?Perguntei um pouco assustado.Ele não respondeu nada, foi lá pra cima onde ficam os quartos, e eu só escutei a porta bater.Minha mãe não estava em casa, só tinha eu e meu pai, então eu tinha que ir ver o que era, já que minha mãe estava no mercado fazendo compras.Fui subindo escadas, e enquanto eu subia, senti um arrepio e toda aquela sensação de medo voltou outra vez, e já estava quase anoite
-Droga!sussurrei no caminho.Tava meio escuro, o que dava um pouco de luz era a janela onde o sol fraco batia.Andando lentamente e com passos leves, tentei abrir a porta do quarto da minha mãe e de meu pai.Estava trancada.Eh, agora sim eu estava com medo, e o pior é que eu não podia esperar minha mãe chegar.Só respirei fundo e continuei, até chegar agora no meu quarto.Olhei para trás e vi o sol desaparecer aos poucos, até a escuridão tomar conta dali, e o medo ficar mais intenso.A porta do meu quarto estava meio aberta, fiz o máximo esticando o meu pescoço para ver se tinha como ver algo la dentro.Não tina jeito, estava tudo escuro.Entrei no quarto.É, estava frio como das outras vezes, acho que aquelas coisas só me deram um tempo.Eu já me via dentro do quarto, mas não via nada.Acendi a luz, e não havia nada lá, passei os olhos por todos os cantos do quarto, até quando fui passar os olhos debaixo da cama, tinha um rosto lá, era branco, e dessa vez tinha face, mas não uma face humana, era branca tinha uma especie de nariz só que mais pequeno que o normal, tinha os olhos pretos, incluindo a parte que era pra ser branca dos olhos.Aquilo ficou olhando para mim, até que rapidamente aquilo enfiou debaixo da cama, sem duvidas aquele maldito buraco estava lá, outra vez.Fiquei paralisado por alguns segundos, até que escutei um tiro, eu podia jurar que este tiro estava vindo do quarto dos meus pais.Virei as costas direcionando o rosto para a porta, e com medo de algo vim atrás de mim e fui até o quarto dos meus pais.Era do lado do meu, por isso com a luz do meu quarto acesa, eu vi um pouco de sangue escorrer por debaixo da porta do quarto dos meus pais.Entrei em desespero.Bati na porta algumas vezes torcendo para que alguém viesse abrir para mim, mas eu não tinha mais esperanças disso, de algum modo eu sabia que o meu pai estava ali dentro, morto, eu pudi sentir um arrepio, cada vez que olhava pra a luz do meu quarto acesa, era talvez o meu medo de voltar pra dentro de lá, medo de dormir todas as noites em cima daquele buraco.
-Pai você está me ouvindo?Perguntei gritando.Mas nada respondia.Eu estava mais uma vez sozinho em casa, sem saber o que fazer, e com muito medo.
-Paaaaaaaai!Paaaaaaai!Você está ai?Por favor responda.Não saia uma voz dali, nada.Eu já estava com a impressão de estar escutando a minha voz ecoando.Como eu poderia descer daquelas escadas, eu estiquei um pouco o pescoço para ver la embaixo, não via nada, nem uma sombra de luz, mas não restava mais nada a fazer, eu tinha que descer, pois lá tinha o telefone do meu pai, que ele havia deixado em cima do sofá.Caminhando até a escadas, senti mais um arrepio, e essa ondas de arrepios não paravam.Aquilo tudo estava acontecendo outra vez, eu só poderia estar ficando louco, sem duvidas eu estou louco, era como se a cada arrepio fosse alguém entrando na casa.Estanho.Eu já estava nas escadas, faltava pouco para chegar no fim dela, eu não queria olhar para trás, eu tinha quase certeza que tinha algo lá, então pensando nisso eu só desci as escadas mais rápido.Mas não pude me segurar, tive que olhar, não tinha nada, só uma pequena brecha da luz do meu quarto batendo nas escadas, mas tinha sim algo lá, nesse pequena brecha de luz, eu vi uma sombra passar, foi rápido, mas pude ver como era a sombra.Era de uma pessoa, ela caminhava de quatro, mas um pouco mais esticada, parecia bem com aquele bicho do filme "O grito".Isso só fez eu descer as escadas mais rápido, até que cheguei no chão firme.Estava tudo bem quieto, mas eu escutei o apagador do meu quarto, e quando olhei para trás a brecha de luz que tinha, já não tinha mais desde agora, alguém apagou a luz.Nossa, agora meu coração batia forte, eu sentia ele mais uma vez querendo sair pela boca.Não havia outro jeito, eu tinha de tomar coragem, e acender o máximo de luzes possíveis. Comecei a andar, eu não suportava mais ficar ali parado esperando algo acontecer, ou algo descer das escadas no meu rumo.Fui o mais rápido que pude acender a luz da sala, e quando eu acendi, escutei milhares de copos, louças e todo o tipo de vasilha que se pode ter em uma cozinha se quebrar, se estilhaçando no chão.Não era possível ver nada lá dentro, a luz da sala era muito fraca pra poder clarear a cozinha.Mas de algum modo eu achei a coragem, por que dessa vez não tinha chão tremendo, e nem visão embaçada.Tirando o fato das coisas quebrando, eu me sentia normal, o que não estava nada normal era a casa.
Com a luz acesa agora, eu consegui ver o celular do meu pai no sofá, fui andando com calma até o sofá, e peguei o celular, nele já tinha duas chamadas perdidas, e era da minha mãe.Disquei o número da minha olhando para a cozinha, esperando que nada pudesse sair dali.Puis para chamar.
-Piiiiiiiii.Piiiiiiiii.Piiiiiii.O celular no meu ouvido estava chamando.Gelei quando ouvi isso que vou contar agora.O celular da minha mãe estava tocando em algum lugar da casa, não era possível minha mãe estar lá, ouvindo tudo quebrar e não fazer nada.Enquanto eu chorava, paralisado de medo, a luz da cozinha se acendeu.A cozinha não tinha porta, e o acendedor da lampada, ficava na parede da entrada, e quem estava lá, parada, era minha mãe, e atrás dela estava seu celular quebrado no chão, junto com um monte de vasilhas.
-Mãe?Perguntei com tanto medo que quase que a minha voz não saiu.-É você?
Ela estava de pé, quieta, não falava nada e nem se movia, só ficava ali olhando para mim.
-Mããããee!Perguntei gritando.Mas ela não respondia.Até que ela deu um berro muito alto, que mesmo sendo minha mãe, eu fiquei assustado, por que não era possível um ser humano dar um berro daquele, um berro que durou trinta segundos, mas foram os trinta segundos mas horríveis de minha vida até hoje.Ela parou outra vez.Eu pudia ver sua respiração aumentar, como se estivesse com muita raiva, e a cada segundo que se passava sua respiração ficava mais forte, até que ela lançou outro berro.Eu não sabia o que fazer.Agora esse berro durou menos tempo, e quanto ela parou de gritar ela caiu no chão e ficou se retorcendo, até que do nada ela voou para o alto, como se tivesse sido jogada, mas com muita força na parede.Então ela se levantou e veio andando em meu rumo, devagar, mas a sua respiração continuava do mesmo jeito.Eu fui chegando para trás medida em que ela se aproximava de mim.Ela começou a vim mais rápido até chegar ao ponto de estar correndo.E quando eu me vi, eu já estava subindo as escadas, fugindo da minha própria mãe descontrolada.Nesse momento eu nem quis lembrar que provavelmente tinha algo ruim aqui em cima.Ela também estava subindo as escadas, mas de modo muito mais estranho, finja que agora minha mãe só tinha controle das pernas.Todo o seu corpo estava para trás, dava pra escutar o barulho de sua cabeça batendo nos degraus da escada junto com seus braços, que já estavam parecendo mesmo de pano.Fiquei aterrorizado com aquela cena, então não fiz mais nada além de correr para o meu quarto.A porta já estava aberta, eu só entrei e a fechei, batendo-a com força.acendi a luz.No quarto eu podia jurar que não tinha nada, mas o buraco estava ali, debaixo da minha cama.Do lado de fora do corredor, era possível escutar os passos da minha mãe.Me afastei da porta devagar, fazendo o máximo para ficar longe da porta e do buraco.Pois agora mesmo minha mãe do lado de fora, estava batendo na porta com força, e quase chegando ao ponto de quebra-la.Estava começando a quebrar, já se podia ver ela se rachando devagar, a cada batida com a mão que ela dava.Eu já estava entrando em desespero, agora já não tinha nem uma coisa a fazer.Então a cama começou a se mecher, como se estivesse sendo arrastada por alguém, mas era bem lento, quase não notável.O clima já era tenebroso pra falar a verdade, era como se a casa já não fosse a mesma de dois anos atrás.Ouvindo aquele barulho, eu me sentei colocando os joelhos entre o peito e baixei a cabeça na espera de que minha mãe voltasse ao normal logo.O barulho na porta ficava cada vez mas alto, como se minha mãe descontrolada cada vez que me vice mais, mais ela queria terminar de quebrar a porta.Aquilo não parava, eu já estava chorando de medo, ainda mais com o que estava saindo debaixo da cama agora.Eu tinha quase certeza de que era aquele monstro que eu vi semana passada, olhando para mim com as mãos apoiadas na cama.Aquilo veio chegando perto de mim devagar, rastejando, e com as mãos retorcidas.Não era possível eu ficar com mais medo, então só fechei os olhos, e esperei.A porta se abriu, nesse mesmo momento senti um gelo no coração, e me encolhi mais do que antes.Ficou tudo em silencio, nem um barulho mais, então deixei uma pequena brecha do olho para fora.Não tinha nada mais lá, pra ser sincero, a casa parecia menos tenebrosa agora, o monstro que acabará de sair da minha cama já não estava mais ali.Pensei por um momento em ir la para fora, já que a porta estava aberta, mas não, poderia muito bem ter algo lá fora, só me esperando para dar o bote.Então esperei, até ver se alguma coisa apareceria ali, mas nada apareceu, passou algumas horas, e a única coisa que eu via ali era o breu da noite, e a luz do meu quarto piscando como pisca-pisca natalinos.Depois de todo esse tempo, escutei a porta lá de baixo abrir, não tenho a menor duvida de que era a porta de entrada da casa.
-Diego!Cade você filho?Era a voz da minha mãe.

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