quinta-feira, 29 de setembro de 2011

SEIS - Abandono

Capitulo seis - Abandono
Acordei já era tarde, não havia ninguém no quarto, fiquei por alguns segundos pensando na noite passada - E realmente foi uma noite estranha, estou ficando cada vez mais cansado desses sonhos e essas loucuras que andam acontecendo. Acho que vou acabar com isso de uma vez por todas. Eu realmente pensei em me matar, mas não, agora eu havia tomado uma nova decisão, já que tudo isso me persegue, eu também vou persegui-los, seja o que for, demônios, monstros ou espíritos, não posso mais viver assim, ou eu morro, ou eu acabo com esse tormento.
Senti algo gelado tocar meu peito enquanto eu cochilava cansando, abri os olhos vagarosamente tentando fazer o máximo para desfaçar a abertura deles, era o medico fazendo uns de seus exames e atrás dele sentada na cadeira, minha mãe, abri os olhos e logo a chamei com uma voz de calamidade ao vê-la, ela deu uma olhada para mim como se estivesse se assustado com o tom de voz em que eu a chamei, mas veio devagar e me deu aquele abraço que me fez dar um sorrisinho meio falso.
- Hoje vamos para casa filho. Isso me assustou, como eu mesmo tinha tomado minha decisão, eu iria sozinho, e mesmo com medo eu iria descobrir tudo.
Passei a metade do dia fazendo exames até que o medico resolveu me liberar para ir para casa, mas ainda teria que ficar de cama, ele disse que aqueles desmaios constantes eram só um cansaço mental, pode ser algo normal para mim e o assunto de eu ter uma doença rara foi só mais um papo furado de medico incompetente.
Chegando em casa minha mãe não falou nada, ela apenas me colocou na cama, me deu um beijo no rosto e saiu do quarto em silencio,- Acho que ela ainda estava meio abalada com a morte do meu pai. Eu ainda estava meio fraco, a única coisa que eu conseguia meche era minha cabeça. Fiquei pensando alguns segundos naquele buraco debaixo da minha cama, eu estava agoniado em ter que ficar ali naquele quarto frio e tão silencioso.
Passaram-se algumas horas, e de vez em quando minha mãe ia lá ver como tudo estava, me dava um beijo no rosto e se retirava, confesso que eu ainda não acreditava na morte do meu pai. Enquanto as horas passavam e ficava de frente para um livro que minha mãe deixou em cima de um suporte, aonde o livro ficava exatamente de frente para o meu rosto, mas eu nem lia nada. Não apareceu nada de sobrenatural ou que me pudesse causar medo, mas de vez em quando dava umas tonturas que eu chegava a pensar que iria desmaiar mas eram só tonturas. A noite ia chegando, e eu definitivamente não estava nem um pouco animado com isso, cada vez que eu olhava para a janela e via a escuridão invadindo meu quarto, eu ia ficando mais tremelo, mais medroso, o quarto já nem parecia o mesmo, então ai pensei comigo.-É agora, tudo de novo.
Minha mãe entra no quarto e acende a luz, me sinto meio aliviado com a chegada dela, mas não me fez sentir tão bem ver seu rosto de tristeza e dor. Ela veio caminhando até mim, segurou e meu braço.
- Filho!Você sabe que eu não estou muito bem com a morte de seu pai. Disse ela e eu movi a cabeça confirmando.- Eu não quero que se sinto mal com isso, eu estou fazendo o que eu posso para não demonstrar tanto que eu não estou bem.
- Mãe! Eu estou com medo do que possa acontecer daqui pra frente.Disse eu, nessa hora ela olhou de um jeito para mim que pareceu que no fundo ela sabia de tudo que tinha acontecido, todas as noites, das criaturas estranhas e sobre a morte do meu pai.- Filho!Vai ficar tudo bem, eu tenho que ir trabalhar amanhã, a sua tia Rosane vai ficar com você alguns dias, e parece que vai trazer a Sophia, tudo bem pra você?
Apenas movi a cabeça afirmando que sim, mas eu não estava nem um pouco contente, minha tia fedia a mofo, e ela não me tratava nem um pouco bem, ainda mais com aquela pentelha do lado dela, que vivi futricando no que não deve. Como se já não bastasse esse maldito buraco e a morte do meu pai, agora vem essas duas chatas, eu to sentindo pena de mim mesmo nesse momento. Minha mãe se retirou do quarto, foi ai que senti algo mudar, eu já podia sentir o buraco de baixo da cama se abrir, e tudo ficar daquele jeito estranho outra vez. A porta do meu quarto estava aberta, ela ficava abrindo e fechando, devagar, o que me dava mais medo, até que ela fechou definitivamente, batendo com força ecoando um barulho alto que com certeza minha mãe teria escutado mas não escutou, por que após passar muitos minutos, ninguém apareceu, nada apareceu, nada de monstros ou um minimo sinal da minha mãe. Eu já estava tenso outra vez.
Quase todo o tempo em que fiquei no quarto eu escutava só o tic-tac do relógio la embaixo,- Que tormento eu dizia para mim mesmo com uma fumaça de frio saindo da boca. Passou um tempo, até que peguei em um sono. Acordei com uma risada que vinha do piso debaixo do meu quarto, a voz era quase idêntica com a voz da minha tia Rosane, exceto pela engrossada de um tom irritante mudado. Minha tia era aquela gorda que fede e vive suada, com cabelo debaixo do braço, e dai pra pior.
-Diegooooooo!Foi a voz da minha tia quando me viu, era pura falsidade ela fingir que estava feliz em me ver, a Sophia ficou calada olhando para mim com uma risadinha de quem estava bem afim de aprontar uma. Elas ficaram algum tempo no meu quarto enquanto minha mãe se arrumava para trabalhar, Sophia estava olhando para mim, e minha tia dando uns tabefes na minha cabeça que me tonteavam. -Irritante, mas eu tinha que aguentar, apesar disso tudo, eu estava meio feliz, seria muito pior eu ficar sozinho nessa casa sem ninguém apenas os monstros aterrorizantes saindo do buraco. Elas se retiraram do quarto e foram até a porta com a minha mãe, dava pra ouvir a sua voz alta e a risadinha de Sophia.
Comecei a me sentir estranho, tonto talvez, mas não acho que seja possível eu explicar isso em palavras. Tudo foi escurecendo, como se eu fosse desmaiar, meus olhos estavam agora semi-fechado, eu já via tudo embaçado, antes de eu fechar os olhos completamente vi uma coisa passando em frente a porta, e uma risada, mas dessa vez não era de Sophia, até que fechei os olhos completamente.
Sonho:
Eu caminhava junto da minha mãe, ela estava com uma lanterna, e definitivamente estava muito escuro, a única coisa que podia se ver era a nevoa rodeando todo o ambiente, dificultando mais a chance de eu ver algo. A lanterna que minha mãe segurava nas mãos começou a ajudar um pouco a nossa visão, até que me dei conta de que estava na rua da minha casa.Minha mãe punha a lanterna rumo as casas dos nossos vizinhos, e cada vez que ela punha a lanterna rumo as casa ela dia algo, eu não conseguia escutar. Andamos, andamos até que chegamos em uma casa, era meio torta e por incrível que pareça, estava coberta de neve, minha mãe abriu a porta, e ficou quieta, com a lanterna rumo da porta, parada, muito quieta, não movia um dedo, era como se ela tivesse sido transformada em uma estatua, eu fui para a frente dela, mas sem olhar o que podia estar atrás daquela porta, minha mãe estava com olhos arregalado, foi ai que olhei para dentro da casa, tinha uma mulher, mas não posso dizer que era uma mulher comum, ela estava agachada, a primeira vista meio suja, mas não de barro ou coisa do tipo, eu posso afirmar que era sangue, a mulher tinha uma face oculta, irreconhecível, mas ela estava comendo algo, que a cada mordida que ela dava escorria no minimo meio litro de sangue, e esse sangue que escorria vinha até meus pés, de repente aquilo, olhou para mim, pude ver os seus olhos, eram fundos e sem cores vivas, ela gritou com uma porção de sangue escorrendo de sua boca, eu olhei para minha mãe, mas ela estava quieta, ainda não movia um dedo, era aterrorizante, eu só ouvia os berros daquele monstro...
Acordei com minha prima quebrando um copo de suco que estava do lado da minha cama, ela olhou para mim saindo do quarto, com aquela risadinha chata. Despreguicei e dei um olhada para o copo quebrado que estava do lado da minha cama. Escutei uma pegadas alta como se fosse alguém de uma tonelada chegando, até que apareceu minha tia Rosane na porta do quarto, ela estava com um pano de chão na mão, veio andando no meu rumo olhando com uma cara de raiva, mas não chegou a dizer nada, só limpou o que a sua filha havia feito e se retirou do quarto. Fiquei lá na cama, comendo um pedaço de pão e pensando no meu sonho, havia sido muito estranho tudo aquilo, aquele monstro comendo algo, e minha mãe la como uma estatua, isso me deixou um pouco assustado.
Eu estava sozinho no quarto, esperando o dia passar, cochilei por alguns minutos, li, fiz tudo que pudesse ultrapassar os limites do tédio, mas nada adiantava, até que levantei de uma vez, e veio uma tontura forte, e desmaiei caindo na cama.
Acordei, o quarto estava escuro como era de se esperar, depois de um bom tempo dormindo eu estava me sentindo melhor, mais forte, então resolvi me levantar. Levantei devagar, e não senti nem uma tontura, fui caminhando rumo a porta e adiante até chegar as escadas, a casa estava escura, e é obvio que não havia ninguém ali, todas as vezes que minha tia vinha pra cá, ela dava um jeito de sumir da casa e ir a festas coisas do tipo, e levava a Sophia, eu até agradeci por isso ter acontecido.
Cheguei até a sala e acendi a luz, como não tinha ninguém na sala coloquei um cd da minha banda de rock preferida e fui para fora, não queria ficar ali sozinho. Fiquei na porta de casa esperando passar alguém na rua, mas ela estava tão deserta e quieta que o único barulho que eu escutava ali era o som da minha casa. Olhei para um lado da rua e nada olhei para o outro e nada, só havia uma luz piscando bem no finzinho da rua, ela ficou piscando durante uns quarenta segundos, após esse tempo ela apagou, e assim foi acontecendo com todas as luzes da rua até que eu me via em um certo breu aterrorizante, como a rua também não parecia um lugar seguro resolvi entrar, no momento em que coloquei a mão na massa neta da porta o som que eu havia deixado ligado dentro de casa, agora desligara, mas não exitei em entrar para dentro, a casa estava com a luz da sala ligada como eu tinha deixado, mas o som estava definitivamente desligado, eu não exitei em entrar por achar que poderia ser erro no cd ou algo assim, mas infelizmente não era isso. Tentei ligar o som outra vez, mas não ligava. Então fui subindo as escadas e dei de cara com Sophia, ela estava no corredor e se eu não pudesse ver o seu rosto eu juro que eu teria desmaiado de susto, ela estava com uma cara de sono e com uma camisola.
- O que faz aqui?Achei que tinha ido pra algum lugar com sua mãe como vocês sempre fazem.
Ela só deu um sorriso e saiu descendo as escadas. Pude ouvir o barulho da porta da sala abrir.
- Sophia aonde está indo? Nada respondeu olhei para trás procurando vê-la pois eu ainda estava nas escadas paralisado com o susto que levei. Não via nada, só a porta da sala meio aberta, desci as escadas e sai da casa pela porta da sala. Estava tudo muito escuro, as luzes da rua ainda continuavam apagadas. Fui até a dispensa da casa e peguei uma lanterna e fui procurar por Sophia. A rua estava vazia, silenciosa e escura, isso era o que me dava um certo ar de medo, comecei a andar e chamar bem baixo pelo nome de Sophia, mas nada respondia, a lanterna que estava em minha mão estava com as pilhas um pouco fracas e acho que não aguentariam por mais duas horas. As casas estavam em perfeito estado, tudo estava como antes exceto pela escuridão ali, eu passava a lanterna pelas casa, e nem uma estava com a luz acesa, todas pareciam estar abandonadas, algumas vezes em que passei a lanterna sobre janelas eu via uns rosto e quando eu voltava a lanterna não tinha nada, - Sim, poderiam ser só vultos, mas para minha sorte eu sabia que não eram apenas meros vultos ou frutos da minha imaginação, tinha mesmo algo errado nisso tudo, mas eu só queria encontrar Sophia e voltar para casa, se e não achasse ela, minha tia Rosane me comeria vivo, então continuei. Ainda andando pela escuridão eu escutei o barulho de uma porta abrindo e fechando, e quando passei a lanterna da casa logo a minha frente vi a porta um pouco aberta,- Acho que Sophia tinha acabado de passar por aquela porta, o jeito era entrar. Subi as escadas que havia na frente da porta e sem pensar abri-a com um leve empurrãozinho, passei a lanterna por todo o ambiente que era pequeno, e percebi que eu estava na casa do Sr.Calebe era um vizinho meio misterioso, a única pessoa que sabia um pouco da vida dele era minha mãe, eu o vi uma vez na rua. Eu estava em uma sala, a casa era toda marrom e de madeira, havia um grande tapete abaixo dos meus pés e algumas daquelas cabeças de animais empalhados que as pessoas colocam de enfeite na parede. A casa minuto que se passava a lanterna que estava em minha mãe ficava mas fraco, me deixando mais ainda com medo e assustado. Tinha uma escada de um lado da sala, e do outro lado tinha uma entrada e uma porta de madeira, evitei passar a lanterna por lá, eu não queria achar algo ali. Dei uma passeata pela sala e escutei umas pegadas vindo do andar de cima da casa, agora tava tão obvio que aconteceria algo estranho que nem evitei subir as escadas, pois se eu estivesse querendo saber mais sobre o buraco estranho de baixo da minha cama e todas essas coisas estranhas que andam acontecendo eu tinha que criar coragem, mas isso era o que mais faltava em mim no momento. Murmurei o nome de Sophia enquanto sobia as escadas, mas eu sabia que nada responderia, tinha grades na escada, era como um método de segurança para quem morava ali, servia de apoio as mãos para quem não fosse muito bom com o equilíbrio do corpo. enquanto eu sobia as escadas eu ia passando a lanterna sobre as grades de apoio, eu pude ver apenas um porta branca aparentemente de madeira e outra do mesmo jeito bem no fundo do ambiente. Cheguei ao andar de cima da casa, era um corredor simples com alguns quadros do Sr.Calebe com uma mulher loira e bem bonita, eu estava com medo, pois todo o senário da casa era antigo, tudo que eu havia visto até ali naquela casa era coisas antigas, como o sofá da sala, as portas e tudo mais, incluindo o quadro que eu sitei. Abri a primeira porta, era um quarto comum, entrei nele e vasculhei-o procurando ficar em silencio. Abaixei para olhar debaixo da cama mas ali não tinha nada, abri o guarda roupas e nada, sai do quarto. Dessa vez a lanterna estava ainda mais fraca, já não era possível ver tudo que eu via antes. Caminhei até a outra porta, essa era mais suja, não era tão branca como a outra, se a lanterna estivesse com melhores pilhas eu poderia afirmar que aquela sujeira era sangue. Abri a porta devagar, e entrei, tinha uma cama, e atrás da cama tinha uma janela, olhei para trás e vi uma mulher loira, estava muito escuro para eu poder ver o seu rosto direito, a lanterna já não adiantava muita coisa, só fiquei ali quieto, ela estava toda de branco isso era a única coisa que eu podia descrever.
-Ola! Quem é você? Perguntei gaguejando de medo. A mulher não respondeu nada, apenas se virou e saiu do quarto, a cena dela abrindo a porta e saindo do quando era de arrepiar, ela andava devagar saindo sem olhar para trás e desceu as escadas sem dizer uma minima palavra, isso me deixou mais assustado e confuso, agora eu já não sabia se queria sair o mais rápido possível daquela casa ou se eu continuava a procurar por Sophia. Minhas mãos estavam tremulas e minha pernas acompanhavam esse mesmo ritmo. Comecei a passar a lanterna por todo o canto do quarto mas não adiantava muita coisa, a janela que tinha ali clareava mais do que a lanterna. Enquanto eu vasculhava ali, achei uma portinha no chão, estava sem cadeado ou qualquer outra coisa que pudesse me bloquear a passagem.Abri a portinha, mas não desci, eu não queria ficar em total breu, então sai do quarto desci as escadas e sai da casa. A rua estava ou pouco mais clara, mas ainda sim não era possível ver muita coisa. Havia algo de diferente ali, eu posso garantir que aquela não era a mesma rua, o asfalto estava todo rachado, e tinha muito mato no lugar, eu estava perdido, não sabia pra onde eu iria, então apenas marquei um rumo e fui andando, agora isso não era mais uma busca por Sophia, porque eu também estava perdido, definitivamente perdido.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

CINCO - Hospital



                                                                                    Sonho:
Eu estava caminhando sobre um corredor escuro, não era possível nem mesmo ver minhas mãos, o ambiente era úmido e frio, o chão estava coberto de sangue e podia sentir o odor de gente morta. No fim do corredor havia uma porta, e quando eu a vi, mãos, milhares de mãos me puxaram, eu olhei para trás e só vi escuridão, podia se ouvir os gritos era como berros de tormento, pessoas sendo torturadas. Mas eu não chegava ao fim e nem no começo, as mãos me seguravam e...
Acordei suado e muito assustado, sem duvidas eu estava em minha cama, - Talvez tudo isso tenha sido apenas um sonho. Levantei da cama e fui até lá em baixo, caminhando até a cozinha, dei uma olhada para o quarto de minha mãe, não consegui ver nada, então apenas desci as escadas rumo a cozinha para pegar um copo com água. Acendi as luzes da casa, e estava tudo perfeitamente em seu devido lugar, me alegrei com essa visão. Fui até a cozinha e tomei meu copo com água. Fui subindo as escadas normalmente, dessa vez sem desespero, mas quando cheguei à porta do meu quarto, algo não estava normal, da distancia que eu estava da porta, eu conseguia ouvir um barulho de algo se mexendo, olhei para trás rumo às escadas só havia breu. Fui até o apagador do meu quarto e acendi a luz, vi algo atormentador, era um garoto cheio de sangue por todo o corpo, o seu cérebro estava para fora, suas mãos estavam sujas também, ele estava perto da janela, era eu mesmo, aquele garoto só podia ser eu. Ele começou a andar, se abaixou, de modo que seus joelhos apoiassem o chão, e foi para de baixo da cama. Fiquei um tempo assustado, e calado, me virei de costas e fui até o quarto de minha mãe, acendi a luz e só vi sangue por todo o quarto. Era só mais um sonho.
Foi o sonho mais estranho que eu tive, agora ao invés de eu estar suado em cima da cama, eu estava em outro lugar, mas eu não podia descrever, meus olhos estavam embaçados, mas ainda sim eu podia ver pessoas me olhando, parecia muito com o padre que eu vi e a minha mãe. Eu escutava do lado do meu ouvido um -piii, piiii, piiii. Como se fosse aquelas coisas de hospitais para mostrar se estou vivo ou morto. Veio um homem do meu lado, eu estava deitado, ele falou algo como, - Precisamos que ele fique no hospital essa noite, ele não está em condições de ir para casa hoje, na queda do desmaio ele bateu a cabeça no chão e isso o prejudicou.. Eu não conseguia falar nada, só fui fechando o pouco que os meus olhos conseguiram abrir, e as poucas coisas que eu escutava estavam desaparecendo no ar, aos pouco até que adormeci outra vez. Acordei meio confuso, mas a minha visão já estava um pouco melhor, eu conseguia ouvir o medico dizer coisas como, - Ola!Ola! Com uma lanterninha na direção dos meus olhos.
-Cadê minha mãe?Perguntei meio sem voz.
-Ela teve que ir embora para ver o que havia acontecido com o seu pai, não faça esforços, continue deitado.
Fiquei meio preocupado, e comecei a chorar, na verdade eu ainda não tinha acreditado que meu pai tinha mesmo sido morto, chorei até que peguei em um sono.
Acordei no meio da noite, no relógio era quatro e meia da madrugada.Agora minha visão já estava boa, e eu já podia ver como era a sala, era comum, minha cama, a porta logo a minha frente e alguns vasos de flores encima de uns criados.Mesmo com tudo que aconteceu eu ainda estava meio estranho, sentia uma presença ruim, como se algo estivesse me vigiando vinte quatro horas por dia.A porta da sala de hospital começou a abrir, a maçaneta moveu, mais foi bem devagar como se alguém quisesse me dar um susto, e até agora estava funcionando.A porta se abriu completamente, e não havia nada do lado de fora.Fiquei olhando para o lado de fora da sala, e era muito estranho uma porta que estava totalmente fechada se abrir sem mais nem menos.Eu estava mais uma vez assustado, parecia que tinha alguém lá, mais não era possível confirmar por causa da escuridão. Enquanto eu ficava olhando para a porta ela ia se fechando devagar, até que bateu e fez um barulho, a maçaneta se moveu e a porta se fechou outra vez.O vento frio invadiu a sala e a janela começou a se debater consigo mesma.Foi ai que me assustei mais, tentei me levantar da cama, mas me deu uma forte dor na cabeça.Estava muito frio, me cobri e tentei dormir, fechei meus olhos.
Comecei a escutar uns barulhos estranhos, junto com a janela se debatendo, parecia alguém mechando em papeis, me segurei para não abrir os olhos, mas eu tinha que ver o que era isso.
Abri bem devagar e não tinha nada ali, virei o rosto para o lado e fiquei com os olhos abertos, A minha cama começou a se mover devagar, como se tivesse alguém ali debaixo, fui ficando mais assustado, levantei o coberto devagar e fui abaixando a cabeça para debaixo da cama e não tinha nada La também, levantei a cabeça e quando olho para a porta tem algo a sua frente, era preta, escura e bem estranha, era em um formato de pessoa, mas ficava lá parada, eu já estava apavorado e não conseguia falar nada, aquilo parecia uma morte, essas coisas, mas dava pra ver que estava com a cabeça baixa, passou alguns segundos e aquilo continuou ali, até que levantou a cabeça. Seu rosto era pálido e sujo, na sua boca podia se ver sangue e não tinha olhos, era só o negro, escuro. Aquilo ficou olhando para mim e eu deitado com medo, sem forças para gritar ou chamar alguém, aos poucos à coisa negra foi abrindo a boca e ia escorrendo sangue devagar, todo o sangue ia passando por seu corpo até chegar ao chão, foi encharcando o chão até que quando me dei conta já tinha sangue até em minha cama. Aquilo começou a respirar forte, e cada vez, mas até que foi se transformando em um berro assustador, e eu no meio daquela suposta transformação de sala de hospital para piscina de sangue. Estava complicado, parecia que tudo foi ficando mais lento e devagar, o sangue já estava a minha altura com a da cama, melando de todo o lançou, aquela maldita coisa estava parada como se só quisesse me olhar para me assustar, mais eu não estava mais tão assustado assim, eu estava vendo tudo rodar e meu ar foi ficando mais forte até que fiquei mole e desmaiei com a imagem daquele monstro a minha frente.
Agora eu acordava normalmente com o medico do meu lado fazendo anotações em um caderninho e pondo uma coisa para ver meus batimentos, fiquei meio assustado ao lembrar-me da noite passada.
-O que aconteceu?Perguntei meio fraco outra vez.
-Não sei dizer ainda garoto, mas você não está muito bem, ontem você vomitou sangue. Vou te examinar. Disse o medico meio apavorado, como se eu estivesse prestes a morrer.
Fiquei na cama e ele me perguntando se eu me lembrava de algo na noite passada, respondi que não, quem iria acreditar em tal historia, provavelmente pesariam que eu estivesse ficando louco e me colocariam em alguma clinica pra loucos adolescentes, então deixei quieto e achei melhor esperar para outra oportunidade, acho que seria bom minha mãe saber disso.
-Minha mãe vem aqui hoje?Perguntei para o medico que ainda me examinava.
-Não sei Diego, mas ela tem trabalho para hoje, e infelizmente você não pode ir embora daqui até eu ter certeza de que você ficara perfeitamente bem.
Apavorei-me com a resposta, pois imaginei se todas as noites seriam assim, como a passada. Eu perguntei ao medico o que poderia estar acontecendo comigo, ele disse que era uma coisa complicada, era a primeira vez que ele havia examinado um garoto de dezesseis que parecia ter uma doença rara, isso complicou muito mais a situação. Alguns minutos depois minha mãe ligou para o medico para perguntar como é que eu estava, o medico explicou minha situação e ela desligou o telefone. O medico estava mais uma vez me examinando, e a cada examinação feita comigo, ele mostrava que estava mais preocupado.
A noite ia chegando, e eu ia ficando mais nervoso, com medo de que aquele monstro visse de novo no meu quarto. O medico veio até mim e se despediu, disse que qualquer coisa era só pegar o telefone ao lado da cama e ligar para alguém ou até mesmo gritar. Já podia se ver o sol indo em borá pela janela do quarto, até que chegou a noite, me deixaram lá sozinho, pra falar a verdade nem parecia ter alguém no hospital, tava em um silencio assustador.
2º noite
Já era noite, e minha tinha acabado de chegar, ficou fazendo algumas perguntas para mim sobre o meu pai, e ela fez uma pergunta que me deixou meio constrangido, perguntou o porquê de eu não ligar para alguém no momento da morte de meu pai, mas eu tinha ligado como ela iria acreditar em algo tão estranho como aquele, - liguei, mas você estava na cozinha quebrando os moveis. Ela riria da minha cara, então só falei que fiquei com medo do que ela poderia achar de mim, mais ela deve estar imaginando coisas piores sobre mim agora. Ela foi embora e eu não tive a mínima coragem de contar qualquer coisa que se relacionava com ontem, ela não acreditaria. Agora eu estava mais uma vez assustado, mas dessa vez menos, imaginei que o telefone do meu lado poderia me ajudar. Senti meus olhos ficando pesados, o vento entrando pela janela e roçando o meu rosto, até que adormeci sem querer. Agora eu estava em outro sonho, eu estava na cama do hospital, havia sangue por todas as partes do quarto, mas não eram poças, era apenas sangue seco, nas paredes e no chão, todos os meus aparelhos estavam desligados, tentei me levantar e consegui, mas por pouco não cai no chão. Sai mancando pelo quarto, derrubando tudo que poderia ter chance de cair, estava muito silencioso, mas quando abri a porta, uma imensa onda de gritos se soltou por todo o hospital, não se via nada, apenas breu, aquele escuro maldito que parecia tanto me perseguir. O pouco que se podia ver era algumas coisas se mexendo tão rápido que pareciam mesmo vultos. Tentei voltar para o quarto, mais de trás da porta não havia mais nada, o breu também tinha tomado conta de lá. Estava frio e tenebroso como todas as vezes que isso acontecia. Veio algo da escuridão ao meu rumo, estava andando devagar, parecia estar com mais medo que eu, não dava para ver direito o rosto, mais era uma menina, ela veio e triscou em meu rosto, e quando ela triscou tudo desapareceu, é como se eu tivesse sido engolido vivo por ela. E tudo se escureceu. Acordei assustado e suado, foi mais um sonho irritante. Estava escuro como de se esperar, peguei o telefone e tentei ligar para alguém, mas não deu nem sinal. Levantei e sai andando até a porta, ao contrario do sonho, eu estava mais firme e não esbarrei em nada, aquele silencio de parecer não ter ninguém no hospital era o que me assustava outra vez, do jeito que as coisas andavam era bem possível mesmo não ter ninguém lá. Sai do quarto e tinha pouca luz no corredor, algumas cadeiras jogadas no chão e apenas uma porta aberta, logo um pouco a frente. Era velha a porta, o hospital nem parecia mais o mesmo, mas sim, era o mesmo hospital, só que em uma versão mais velha, antiga. Fui caminhando até a porta que estava aberta, sem tanto medo. O caminho até a porta era medonho, eu nunca tinha passado por um corredor tão estranho como esse, frio, fedido, e com alguns rastros de sangue na parede. Achei melhor não voltar, o clima do quarto era muito pior do que o clima do corredor. Fui caminhando até que cheguei à porta, estiquei um pouco a cabeça para dar uma olhada no que podia haver lá dentro, era um quarto de paciente, comum, mas sem paciente. Entrei no quarto e fui até a janela, olhei atentamente, ela dava diretamente para a rua, o, mas ruim e que não havia ninguém também nessa rua, só alguns carros que pareciam estar quebrados. Fiquei meio abismado, e virei de costa, no momento em que virei de costas, a porta havia se tornado em um buraco estreito, negro e obscuro, nele não tinha luz alguma, dava para ver alguns pedaços da porta que estavam quebrados e estilhaçados no chão. Não consegui imaginar nem um jeito de sair dali agora, o jeito era entrar no buraco ou ficar parado ali. Fui até o buraco e apenas puis a cabeça um pouco lá dentro, não podia ver nada, então resolvi entrar, tive que me agachar e ir rastejando. De lá do fundo pude ouvir algo meio assustador, era uma voz cantarolando uma musica que por de fato era também bem assustadora, era Lacrimosa, uma opera antiga. Parei por alguns segundos e pensei se era mesmo isso que eu devia fazer, mas como não tinha outra escolha, continuei, até que a voz foi ficando mais alta, como se eu estivesse chegando mais perto, e bem no fundo dava para ver um buraquinho bem pequeno, fui apressando, pois parecia ter algo atrás de mim, não dava pra ver o buraco era muito estreito, o espaço era muito pouco para eu poder movimentar minha cabeça. Fui indo mais rápido, até que quando olhei eu cai no chão, era o chão do corredor do hospital, mais o buraco não tinha acabado ele desapareceu, e eu estava lá no corredor do hospital, sozinho, no escuro. Levantei-me e procurei alguém, mas não tinha ninguém pelo menos ali por perto. Bem no fundo do corredor tinha uma luz de teto, piscando rapidamente, era a luz que dava de frente para o meu quarto, fui caminhando até meu quarto, abri a porta e entrei, estava frio como antes, e pela janela já se podia ver o sol nascer. Deitei-me e aos poucos adormeci, mais nada aconteceu, dormi em paz dessa vez.