quinta-feira, 29 de setembro de 2011

SEIS - Abandono

Capitulo seis - Abandono
Acordei já era tarde, não havia ninguém no quarto, fiquei por alguns segundos pensando na noite passada - E realmente foi uma noite estranha, estou ficando cada vez mais cansado desses sonhos e essas loucuras que andam acontecendo. Acho que vou acabar com isso de uma vez por todas. Eu realmente pensei em me matar, mas não, agora eu havia tomado uma nova decisão, já que tudo isso me persegue, eu também vou persegui-los, seja o que for, demônios, monstros ou espíritos, não posso mais viver assim, ou eu morro, ou eu acabo com esse tormento.
Senti algo gelado tocar meu peito enquanto eu cochilava cansando, abri os olhos vagarosamente tentando fazer o máximo para desfaçar a abertura deles, era o medico fazendo uns de seus exames e atrás dele sentada na cadeira, minha mãe, abri os olhos e logo a chamei com uma voz de calamidade ao vê-la, ela deu uma olhada para mim como se estivesse se assustado com o tom de voz em que eu a chamei, mas veio devagar e me deu aquele abraço que me fez dar um sorrisinho meio falso.
- Hoje vamos para casa filho. Isso me assustou, como eu mesmo tinha tomado minha decisão, eu iria sozinho, e mesmo com medo eu iria descobrir tudo.
Passei a metade do dia fazendo exames até que o medico resolveu me liberar para ir para casa, mas ainda teria que ficar de cama, ele disse que aqueles desmaios constantes eram só um cansaço mental, pode ser algo normal para mim e o assunto de eu ter uma doença rara foi só mais um papo furado de medico incompetente.
Chegando em casa minha mãe não falou nada, ela apenas me colocou na cama, me deu um beijo no rosto e saiu do quarto em silencio,- Acho que ela ainda estava meio abalada com a morte do meu pai. Eu ainda estava meio fraco, a única coisa que eu conseguia meche era minha cabeça. Fiquei pensando alguns segundos naquele buraco debaixo da minha cama, eu estava agoniado em ter que ficar ali naquele quarto frio e tão silencioso.
Passaram-se algumas horas, e de vez em quando minha mãe ia lá ver como tudo estava, me dava um beijo no rosto e se retirava, confesso que eu ainda não acreditava na morte do meu pai. Enquanto as horas passavam e ficava de frente para um livro que minha mãe deixou em cima de um suporte, aonde o livro ficava exatamente de frente para o meu rosto, mas eu nem lia nada. Não apareceu nada de sobrenatural ou que me pudesse causar medo, mas de vez em quando dava umas tonturas que eu chegava a pensar que iria desmaiar mas eram só tonturas. A noite ia chegando, e eu definitivamente não estava nem um pouco animado com isso, cada vez que eu olhava para a janela e via a escuridão invadindo meu quarto, eu ia ficando mais tremelo, mais medroso, o quarto já nem parecia o mesmo, então ai pensei comigo.-É agora, tudo de novo.
Minha mãe entra no quarto e acende a luz, me sinto meio aliviado com a chegada dela, mas não me fez sentir tão bem ver seu rosto de tristeza e dor. Ela veio caminhando até mim, segurou e meu braço.
- Filho!Você sabe que eu não estou muito bem com a morte de seu pai. Disse ela e eu movi a cabeça confirmando.- Eu não quero que se sinto mal com isso, eu estou fazendo o que eu posso para não demonstrar tanto que eu não estou bem.
- Mãe! Eu estou com medo do que possa acontecer daqui pra frente.Disse eu, nessa hora ela olhou de um jeito para mim que pareceu que no fundo ela sabia de tudo que tinha acontecido, todas as noites, das criaturas estranhas e sobre a morte do meu pai.- Filho!Vai ficar tudo bem, eu tenho que ir trabalhar amanhã, a sua tia Rosane vai ficar com você alguns dias, e parece que vai trazer a Sophia, tudo bem pra você?
Apenas movi a cabeça afirmando que sim, mas eu não estava nem um pouco contente, minha tia fedia a mofo, e ela não me tratava nem um pouco bem, ainda mais com aquela pentelha do lado dela, que vivi futricando no que não deve. Como se já não bastasse esse maldito buraco e a morte do meu pai, agora vem essas duas chatas, eu to sentindo pena de mim mesmo nesse momento. Minha mãe se retirou do quarto, foi ai que senti algo mudar, eu já podia sentir o buraco de baixo da cama se abrir, e tudo ficar daquele jeito estranho outra vez. A porta do meu quarto estava aberta, ela ficava abrindo e fechando, devagar, o que me dava mais medo, até que ela fechou definitivamente, batendo com força ecoando um barulho alto que com certeza minha mãe teria escutado mas não escutou, por que após passar muitos minutos, ninguém apareceu, nada apareceu, nada de monstros ou um minimo sinal da minha mãe. Eu já estava tenso outra vez.
Quase todo o tempo em que fiquei no quarto eu escutava só o tic-tac do relógio la embaixo,- Que tormento eu dizia para mim mesmo com uma fumaça de frio saindo da boca. Passou um tempo, até que peguei em um sono. Acordei com uma risada que vinha do piso debaixo do meu quarto, a voz era quase idêntica com a voz da minha tia Rosane, exceto pela engrossada de um tom irritante mudado. Minha tia era aquela gorda que fede e vive suada, com cabelo debaixo do braço, e dai pra pior.
-Diegooooooo!Foi a voz da minha tia quando me viu, era pura falsidade ela fingir que estava feliz em me ver, a Sophia ficou calada olhando para mim com uma risadinha de quem estava bem afim de aprontar uma. Elas ficaram algum tempo no meu quarto enquanto minha mãe se arrumava para trabalhar, Sophia estava olhando para mim, e minha tia dando uns tabefes na minha cabeça que me tonteavam. -Irritante, mas eu tinha que aguentar, apesar disso tudo, eu estava meio feliz, seria muito pior eu ficar sozinho nessa casa sem ninguém apenas os monstros aterrorizantes saindo do buraco. Elas se retiraram do quarto e foram até a porta com a minha mãe, dava pra ouvir a sua voz alta e a risadinha de Sophia.
Comecei a me sentir estranho, tonto talvez, mas não acho que seja possível eu explicar isso em palavras. Tudo foi escurecendo, como se eu fosse desmaiar, meus olhos estavam agora semi-fechado, eu já via tudo embaçado, antes de eu fechar os olhos completamente vi uma coisa passando em frente a porta, e uma risada, mas dessa vez não era de Sophia, até que fechei os olhos completamente.
Sonho:
Eu caminhava junto da minha mãe, ela estava com uma lanterna, e definitivamente estava muito escuro, a única coisa que podia se ver era a nevoa rodeando todo o ambiente, dificultando mais a chance de eu ver algo. A lanterna que minha mãe segurava nas mãos começou a ajudar um pouco a nossa visão, até que me dei conta de que estava na rua da minha casa.Minha mãe punha a lanterna rumo as casas dos nossos vizinhos, e cada vez que ela punha a lanterna rumo as casa ela dia algo, eu não conseguia escutar. Andamos, andamos até que chegamos em uma casa, era meio torta e por incrível que pareça, estava coberta de neve, minha mãe abriu a porta, e ficou quieta, com a lanterna rumo da porta, parada, muito quieta, não movia um dedo, era como se ela tivesse sido transformada em uma estatua, eu fui para a frente dela, mas sem olhar o que podia estar atrás daquela porta, minha mãe estava com olhos arregalado, foi ai que olhei para dentro da casa, tinha uma mulher, mas não posso dizer que era uma mulher comum, ela estava agachada, a primeira vista meio suja, mas não de barro ou coisa do tipo, eu posso afirmar que era sangue, a mulher tinha uma face oculta, irreconhecível, mas ela estava comendo algo, que a cada mordida que ela dava escorria no minimo meio litro de sangue, e esse sangue que escorria vinha até meus pés, de repente aquilo, olhou para mim, pude ver os seus olhos, eram fundos e sem cores vivas, ela gritou com uma porção de sangue escorrendo de sua boca, eu olhei para minha mãe, mas ela estava quieta, ainda não movia um dedo, era aterrorizante, eu só ouvia os berros daquele monstro...
Acordei com minha prima quebrando um copo de suco que estava do lado da minha cama, ela olhou para mim saindo do quarto, com aquela risadinha chata. Despreguicei e dei um olhada para o copo quebrado que estava do lado da minha cama. Escutei uma pegadas alta como se fosse alguém de uma tonelada chegando, até que apareceu minha tia Rosane na porta do quarto, ela estava com um pano de chão na mão, veio andando no meu rumo olhando com uma cara de raiva, mas não chegou a dizer nada, só limpou o que a sua filha havia feito e se retirou do quarto. Fiquei lá na cama, comendo um pedaço de pão e pensando no meu sonho, havia sido muito estranho tudo aquilo, aquele monstro comendo algo, e minha mãe la como uma estatua, isso me deixou um pouco assustado.
Eu estava sozinho no quarto, esperando o dia passar, cochilei por alguns minutos, li, fiz tudo que pudesse ultrapassar os limites do tédio, mas nada adiantava, até que levantei de uma vez, e veio uma tontura forte, e desmaiei caindo na cama.
Acordei, o quarto estava escuro como era de se esperar, depois de um bom tempo dormindo eu estava me sentindo melhor, mais forte, então resolvi me levantar. Levantei devagar, e não senti nem uma tontura, fui caminhando rumo a porta e adiante até chegar as escadas, a casa estava escura, e é obvio que não havia ninguém ali, todas as vezes que minha tia vinha pra cá, ela dava um jeito de sumir da casa e ir a festas coisas do tipo, e levava a Sophia, eu até agradeci por isso ter acontecido.
Cheguei até a sala e acendi a luz, como não tinha ninguém na sala coloquei um cd da minha banda de rock preferida e fui para fora, não queria ficar ali sozinho. Fiquei na porta de casa esperando passar alguém na rua, mas ela estava tão deserta e quieta que o único barulho que eu escutava ali era o som da minha casa. Olhei para um lado da rua e nada olhei para o outro e nada, só havia uma luz piscando bem no finzinho da rua, ela ficou piscando durante uns quarenta segundos, após esse tempo ela apagou, e assim foi acontecendo com todas as luzes da rua até que eu me via em um certo breu aterrorizante, como a rua também não parecia um lugar seguro resolvi entrar, no momento em que coloquei a mão na massa neta da porta o som que eu havia deixado ligado dentro de casa, agora desligara, mas não exitei em entrar para dentro, a casa estava com a luz da sala ligada como eu tinha deixado, mas o som estava definitivamente desligado, eu não exitei em entrar por achar que poderia ser erro no cd ou algo assim, mas infelizmente não era isso. Tentei ligar o som outra vez, mas não ligava. Então fui subindo as escadas e dei de cara com Sophia, ela estava no corredor e se eu não pudesse ver o seu rosto eu juro que eu teria desmaiado de susto, ela estava com uma cara de sono e com uma camisola.
- O que faz aqui?Achei que tinha ido pra algum lugar com sua mãe como vocês sempre fazem.
Ela só deu um sorriso e saiu descendo as escadas. Pude ouvir o barulho da porta da sala abrir.
- Sophia aonde está indo? Nada respondeu olhei para trás procurando vê-la pois eu ainda estava nas escadas paralisado com o susto que levei. Não via nada, só a porta da sala meio aberta, desci as escadas e sai da casa pela porta da sala. Estava tudo muito escuro, as luzes da rua ainda continuavam apagadas. Fui até a dispensa da casa e peguei uma lanterna e fui procurar por Sophia. A rua estava vazia, silenciosa e escura, isso era o que me dava um certo ar de medo, comecei a andar e chamar bem baixo pelo nome de Sophia, mas nada respondia, a lanterna que estava em minha mão estava com as pilhas um pouco fracas e acho que não aguentariam por mais duas horas. As casas estavam em perfeito estado, tudo estava como antes exceto pela escuridão ali, eu passava a lanterna pelas casa, e nem uma estava com a luz acesa, todas pareciam estar abandonadas, algumas vezes em que passei a lanterna sobre janelas eu via uns rosto e quando eu voltava a lanterna não tinha nada, - Sim, poderiam ser só vultos, mas para minha sorte eu sabia que não eram apenas meros vultos ou frutos da minha imaginação, tinha mesmo algo errado nisso tudo, mas eu só queria encontrar Sophia e voltar para casa, se e não achasse ela, minha tia Rosane me comeria vivo, então continuei. Ainda andando pela escuridão eu escutei o barulho de uma porta abrindo e fechando, e quando passei a lanterna da casa logo a minha frente vi a porta um pouco aberta,- Acho que Sophia tinha acabado de passar por aquela porta, o jeito era entrar. Subi as escadas que havia na frente da porta e sem pensar abri-a com um leve empurrãozinho, passei a lanterna por todo o ambiente que era pequeno, e percebi que eu estava na casa do Sr.Calebe era um vizinho meio misterioso, a única pessoa que sabia um pouco da vida dele era minha mãe, eu o vi uma vez na rua. Eu estava em uma sala, a casa era toda marrom e de madeira, havia um grande tapete abaixo dos meus pés e algumas daquelas cabeças de animais empalhados que as pessoas colocam de enfeite na parede. A casa minuto que se passava a lanterna que estava em minha mãe ficava mas fraco, me deixando mais ainda com medo e assustado. Tinha uma escada de um lado da sala, e do outro lado tinha uma entrada e uma porta de madeira, evitei passar a lanterna por lá, eu não queria achar algo ali. Dei uma passeata pela sala e escutei umas pegadas vindo do andar de cima da casa, agora tava tão obvio que aconteceria algo estranho que nem evitei subir as escadas, pois se eu estivesse querendo saber mais sobre o buraco estranho de baixo da minha cama e todas essas coisas estranhas que andam acontecendo eu tinha que criar coragem, mas isso era o que mais faltava em mim no momento. Murmurei o nome de Sophia enquanto sobia as escadas, mas eu sabia que nada responderia, tinha grades na escada, era como um método de segurança para quem morava ali, servia de apoio as mãos para quem não fosse muito bom com o equilíbrio do corpo. enquanto eu sobia as escadas eu ia passando a lanterna sobre as grades de apoio, eu pude ver apenas um porta branca aparentemente de madeira e outra do mesmo jeito bem no fundo do ambiente. Cheguei ao andar de cima da casa, era um corredor simples com alguns quadros do Sr.Calebe com uma mulher loira e bem bonita, eu estava com medo, pois todo o senário da casa era antigo, tudo que eu havia visto até ali naquela casa era coisas antigas, como o sofá da sala, as portas e tudo mais, incluindo o quadro que eu sitei. Abri a primeira porta, era um quarto comum, entrei nele e vasculhei-o procurando ficar em silencio. Abaixei para olhar debaixo da cama mas ali não tinha nada, abri o guarda roupas e nada, sai do quarto. Dessa vez a lanterna estava ainda mais fraca, já não era possível ver tudo que eu via antes. Caminhei até a outra porta, essa era mais suja, não era tão branca como a outra, se a lanterna estivesse com melhores pilhas eu poderia afirmar que aquela sujeira era sangue. Abri a porta devagar, e entrei, tinha uma cama, e atrás da cama tinha uma janela, olhei para trás e vi uma mulher loira, estava muito escuro para eu poder ver o seu rosto direito, a lanterna já não adiantava muita coisa, só fiquei ali quieto, ela estava toda de branco isso era a única coisa que eu podia descrever.
-Ola! Quem é você? Perguntei gaguejando de medo. A mulher não respondeu nada, apenas se virou e saiu do quarto, a cena dela abrindo a porta e saindo do quando era de arrepiar, ela andava devagar saindo sem olhar para trás e desceu as escadas sem dizer uma minima palavra, isso me deixou mais assustado e confuso, agora eu já não sabia se queria sair o mais rápido possível daquela casa ou se eu continuava a procurar por Sophia. Minhas mãos estavam tremulas e minha pernas acompanhavam esse mesmo ritmo. Comecei a passar a lanterna por todo o canto do quarto mas não adiantava muita coisa, a janela que tinha ali clareava mais do que a lanterna. Enquanto eu vasculhava ali, achei uma portinha no chão, estava sem cadeado ou qualquer outra coisa que pudesse me bloquear a passagem.Abri a portinha, mas não desci, eu não queria ficar em total breu, então sai do quarto desci as escadas e sai da casa. A rua estava ou pouco mais clara, mas ainda sim não era possível ver muita coisa. Havia algo de diferente ali, eu posso garantir que aquela não era a mesma rua, o asfalto estava todo rachado, e tinha muito mato no lugar, eu estava perdido, não sabia pra onde eu iria, então apenas marquei um rumo e fui andando, agora isso não era mais uma busca por Sophia, porque eu também estava perdido, definitivamente perdido.

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