quarta-feira, 10 de agosto de 2011

UM - A madrugada

Capitulo - Um


Já era noite quando eu escutei o tiro vindo da rua da minha casa e gritos soarem junto com o ar.Fui correndo até a janela e só vi escuridão, parecia mesmo o inferno invadindo a cidade. Bem no fundo da rua podia se ver fogo e pessoas correndo, eu tentava me mover mas era tão tenso que eu só conseguia olhar sem ter reação alguma, então eu só ficava pensando no que poderia ser aquilo e onde poderiam estar os meus pais...Acordei suado e com a cama toda ensopada, era um sonho.Era madrugada e estava em um silencio profundo, exceto pelo meu cachorro latindo como louco no quintal da minha casa.Me levantei da cama e sai andando pelo corredor até chegar na cozinha para pegar um copo com água.Tomando o copo com água um vento frio entrou na casa e estava tudo muito escuro, o pouco que clareava era a luz da geladeira que eu deixei aberta.Por algum segundos eu senti o chão tremer e eu me senti relaxado, de um certo modo aquilo estava sendo uma massagem para mim, até que eu comecei a perceber que os latidos do meu cachorro foram ficando mais altos e agora já pareciam na verdade berros humanos.Eu fiquei assustado e sem que eu notasse eu já estava correndo para minha cama, deitado com o travesseiro cobrindo a cabeça de modo que tampasse meus ouvidos gelados.Fechei os olhos e comecei a rezar.
-Pai nosso que estais no céu, santifica...E imediatamente quando eu ia continuar a palavra uma voz me interrompeu .
-Deus não vai participar disso Diego.Comecei a soar outra vez, mas agora acordado.Meu cachorro havia parado de gritar, como se ele estivesse sido morto agora, então não se passou nada na minha mente além de gritar.
-...
Não saiu nada, nem um voz e cada vez que eu tentava parecia que eu ia ficando mais fraco e sonolento até que a única luz que eu via era a luz da lua refletindo a janela, até que eu já não via mais nada só a escuridão e antes de desmaiar juro que pude sentir um leve cheiro de enchopre entrando pelo minha narinas, até que eu desmaiei.
No outro dia acordei com o despertador no meu ouvido e minha mãe aos berros do lado de fora.Logo já levantei correndo e fui até a janela que dava pro jardim de casa, quando olhei a janela vi meu cachorro Lupi no chão ou o que sobrou dele.Ele estava com a cabeça esmagada e com os olhos para fora era como se um trator estivesse passado por cima dele.Ao ver aquela cena não pudi segurar uma lagrima do rosto.Lá debaixo dava pra sentir o cheiro dele, até parecia que ele havia sido morto a dias.Desci até o jardim e da porta da sala que dava pro jardim, podia se ver rastro de sangue por todo o chão.Eu estava tão tenso que eu nem consegui falar nada , então só fiquei olhando aquilo ao lado de minha mãe se desmanchando em lagrimas.Ainda dava pra ouvir os latidos do meu cachorro que eu tinha ouvido noite anterior.Alias o que aconteceu noite passada foi muito estranho, pareceu algo sobre natural, mais eu não poderia falar para a minha mãe que a morte de Lupi poderia ter sido causada por algo sobrenatural.Então achei melhor esquecer tudo aquilo talvez isso tinha sido só coisa da minha cabeça, aquela frase que eu ouvi "Deus não vai participar disso, Diego" certeza que era coisa da minha cabeça, mas cada vez que eu lembrava, eu sentia um arrepio e o medo me dominava outra vez.
Pode ser até fácil perder um cachorro, mais do jeito que Lupi foi assassinado, foi difícil acordar com aquela cena, e olhar para ele e lembrar de seus berros assustadores no meio da madrugada e eu com medo feito um bebe de 2 anos fugindo do que me assusta.
-Volte a rotina normal Diego, como eu sou policial investigativa, irei ver o que posso fazer diante disso.Agora vá para a escola, e esqueça o que aconteceu.Apenas concordei com a cabeça e voltei para o meu quarto mais uma vez.Lá estava mais frio que antes, era como se a cada segundo que passasse o quarto ficava mais frio, e eu não entendia, era verão e o sol queimava por todos os cantos, e no meu quarto ainda dava para sentir um cheirinho de enchopre se você respirasse bem fundo.
Fui para a escola normalmente, tentando esquecer o que havia acontecido, mas aquela cena obscura não saia da minha cabeça nem por um segundo sequer.Meus amigos passaram o dia todo curtindo com a minha cara, me chamando de bixa e gay por eu ter chorado as escondidas pela morte de um cachorro, é mais era o meu cachorro e pouco importava para mim a opinião deles.Passei o dia todo triste.Indo para casa encontrei Vanessa uma amiga da minha mãe, ela me perguntou o que havia acontecido e por que minha mãe estava tão tensa no trabalho hoje.Eu disse para ela que era problemas familiares e que era melhor não falar disso.Chagando em casa não havia ninguém, só eu que acabará de chegar.Entrei na casa e ela estava normal como todos os dias, mas eu sei que faltava alguma coisa...Eu sabia o que era, Lupi não tinha vindo lamber os meus sapatos hoje e nem morder a roda do carro do meu pai.O jardim estava limpo sem nem vestígio de sujeira, só um pequeno pedacinho de sangue seco no chão que foi obviamente mal limpado.Passei direto e subi para o quarto, já estava quase anoitecendo, e mais uma vez o meu quarto estava frio, mais dessa vez muito frio mesmo, e notei que bem perto da cama quase debaixo dela tinha uma pegada, mais não era humana, foi ai que uma lagrima escorreu no canto do meu olho, era uma pegada de cachorro, se o meu cachorro não estivesse acabado de ser assassinado eu diria que era a pegada de Lupi, mais não poderia ser, Lupi estava morte, definitivamente morto.Mas evitei pensamentos, então fui seguindo as pegadas com os olhos e abaixando a cabeça para debaixo da cama, cada momento que eu descia mais a cabeça, mais pegadas iam aparecendo, até que as pegadas acabaram e só restou uma coisa negra debaixo da cama, era que a noite tinha chegado e a luz do meu quarto estava apagada, eu não encher gava mais nada ali só a lua pela janela, comecei a ficar com medo, então ergui o corpo e fui correndo acender a luz, tudo parecia estar lento, e o chão começou a tremer outra vez como na noite passada, só acendi a luz, e quando olhei para trás vi uma coisa negra, parecido com aqueles monstros de filmes, não tinha face e eu a vi tão rápido que nem notei se tinha pernas, foi rápido demais, no mesmo momento em que eu me virei aquilo correu para debaixo da cama, como se estivesse com medo de mim, parecia que estava se escondendo.Fiquei paralisado com aquela cena, eu não sabia se corria ou se eu ia ver o que era aquilo, minha mãe só ia chegar meia noite e meu pai estava viajando para o Canada, comecei a respirar fundo e tentar pensar o máximo possível, mas não dava nem para me mecher, imagina pensar então.Fiquei um tempo me resolvendo, então decidi ir para a sala e esperar a minha mãe chegar e falar para ela o que havia acontecido, e perguntar se era real ou não.
Eu estava no sofá esperando minha mãe chegar, com muito medo e com todas as luzes da casa acesas, eu não sabia o que fazer, aquilo tudo parecia tão estranho, meu cachorro a noite passada e agora isso, por que isso tem que acontecer comigo, eu sou só um adolescente comum de dezesseis anos.Quieto, encolhido no sofá, escutei algo quebrar, como vidro caindo no chão, parecia ter vindo do meu quarto, agora eu estava com mais medo ainda, encolhido e olhando para e escada, torcendo para que nada descesse dali, depois de eu ter escutado algo quebrar no quarto, ficou um silencio total, e já estava ficando tarde, pela escuridão aparentava ser onze horas, então comecei a pegar num sono até que não aguentei mais e dormi.Tive o mesmo sonho da noite passada, fogo, tiro, escuridão, e berros humanos por todas as partes.Acordei, estava tudo com eu tinha deixado, mas eu jurei que o que tinha visto no quarto era sonho, mas não era, vou falar por que não era um sonho. Quando eu acordei fui pegar um copo com água, e olhar as horas, o relógio estava parado, e as horas que marcavam lá era quatro e quinze da madrugada.Foi ai que percebi que acordei no sofá, e que aquilo não tinha sido um sonho, o medo foi me dominando mais uma vez, bem devagar, até que o telefone tocou, levei um susto e o copo que estava na minha mão caiu, e ficou em pedaços, assim cortando o meu pé, mas eu estava tão apavorado que nem notei o sangue escorrendo do meu pé, fui andando devagar atender o telefone, e quando eu o tirei do gancho ficou em silencio, até que eu escutei um latido vindo do telefone, caramba eu não sabia o que fazer, o que era aquilo...Lupi?Fiquei assustado, eu até sentia o coração querendo sair pela boca, então o telefone caiu da minha mão, e sem reação já fora do controle, eu sai andando, e subi as escadas e entrei no meu quarto, estava normal, eu podia ver tudo mais eu não podia reagir, parecia que tinha outra pessoa em meu corpo.Comecei a arrastar a cama devagar, e uma especie de buraco ia se formando cada vez que a cama ia saindo do lugar.Eu tentava me mecher mas não conseguia, então a cama saiu completamente do lugar, e debaixo dela havia mesmo um buraco, mas era muito grande chegava a ser maior do que a minha própria cama, de lá mesmo do buraco eu escutei berros, milhões de berros, humanos.Fiquei tenso, muito tenso, e tudo ficou escuro, eu já não ouvia nada e nem via, mais uma vez eu tinha desmaiado.
Acordei no outro dia com a cama fora do lugar mais nem um buraco havia ali, então para mim foi só mais um sonho, mais um sonho que foi muito real.

Um comentário: