quinta-feira, 22 de março de 2012

DEZ - Sozinha

                                                                                    Respirei fundo e sai correndo...
  Agora eu estava correndo sem rumo, em um escuro que não era possível ver nada, eu estava com muito medo, eu não pude ficar ali parado esperando o dono daquela voz me matar ou me levar para um lugar pior, foi ai que eu resolvi seguir seu conselho, talvez correr fosse mesmo a melhor opção a se fazer.
  Eu já estava um bom tempo correndo, e a minha costela começou mais uma vez a doer o que me fez volta a mancar. Quando estava quase pensando em desistir eu topo meu rosto com algo, sem duvidas era uma barreira, passei as mãos pela tal barreira, e era muito grande e redonda, olhei para cima talvez eu podia estar em um túnel, foi então que vi uma luz fraca e redonda bem acima de mim, eu sabia que não podia subir la, era muito alto, mas definitivamente não tinha outra opção, e como estava escuro e eu não faco a menor ideia de onde foi parar a minha lanterna, eu tinha que tentar subir. Comecei a forcar a minha mão procurando subir, e de apos meus pés, cada um em uma parede redonda para me fazer subir, forcei algumas vezes pois a dor em minha costela havia aumentado muito, e infelizmente isso dificultou bastante meu trajeto para subir.
  Na claridade que agora estava mais perto de mim eu não conseguia escutar nem um barulho, nem um sinal de vida, isso me fez de um certo modo perder as esperanças, mas eu não poderia desistir ali, eu não podia deixar todo o meu esforço para trás por isso continuei ate que cheguei ao fim e tudo estava mais claro outra vez. Demorei a notar, mas eu estava agora debaixo de uma cama, por um momento passou por minha cabeça que aquela podia ser a minha cama, e agora eu estava em meu quarto saindo pelo buraco que sai monstros todas as noites...
   Eu estava no meu quarto, depois de sair vagarosamente de debaixo da cama eu percebi que aquele era o meu quarto, aqueles era meus livros, aquela era minha vida. Caminhei devagar ate a porta, acendi a luz e tudo estava normal exceto pela minha cama que estava bagunçada ate demais. A coberta que eu usava para me cobrir estava totalmente embolada perto do travesseiro e a cama estava arrastada para o lado de modo com que desse pra qualquer pessoa ver o buraco. O buraco ainda estava ali, me esperando, me aguardando ate a próxima entrada minha, isso me aborreceu e me desesperou, apenas sai do quarto deixando a luz acesa, uma coisa que eu deveria ter reparado mais não reparei, apenas terminei de caminhar pelo corredor e desci as escadas esperando que encontrasse alguém, pelo menos para me desabafar pois eu não suportava mais guardar esse segredo só para mim, alguém precisava urgentemente saber de tudo.
  Cheguei ate a sala e la estavam todos, sorrindo para mim como se nada tivesse acontecido, inclusive Sophia. Realmente eu não acreditei a primeira vista que todos estava ali, Mamãe, Tia Rosane e claro, Sophia. Pensei em perguntar para Sophia onde ela esteve, mas se perguntasse minha tia Rosane iria brigar muito comigo por deixar Sophia sair de casa sem a permissão dela. Todos sorriram para mim, e minha mãe perguntou.
- Ola filho, como você esta? Não parece estar muito bem. Aconteceu algo? - Perguntou minha mãe, mas como ela não reparou, eu estava machucado, com manchas de bebidas por toda a camisa e com sangue na parte da costela.
- Não estou bem mãe, estou todo machucado, e estou fedendo como acha que eu estou? - Respondi com voz de quem esteve com muito raiva minutos atras. Minha mãe fez uma cara de espantou e se levantou pondo a mão no meu ombro e me levando para a cozinha.
-Filho, o que esta acontecendo, estou fazendo de tudo para você ficar bem, mas você...
Nesse momento minha mãe parou de falar, e aproximou o nariz de mim, e assim ela sentiu o cheiro de bebida.
-Você estava bebendo? Oh meu deus, não acredito que enquanto eu sai com sua tia você saiu para beber, e ainda deixou Sophia sozinha. - Disse minha mãe com ar de repugnância nos olhos e reme chendo a boca como se estivesse com nojo do próprio filho.
- Mãe não, eu não fiz nada disso, mas você nunca vai acreditar na minha historia, nunca. - Me defendi.
- Não filho, não vou acreditar nas suas mentiras de que ha monstros soltos pela casa, que eu fiquei possuída por algum demônio. Não eu não vou acreditar, como consegue mentir assim, não vê que todos ja estão se cansando disso? Veja pelo lado de Sophia, ela ficou sozinha em casa enquanto você saiu com amigos para uma bebedeira, quando chegue ela estava no sofá, e eu achei que você estivesse dormindo, foi o que ela disse, mas me explica como você acordou com cheiro de bebida? - Disparou minha mãe com gritos dessa vez. Uma lagrima já estava escorrendo do meu rosto, eu não suportava mais tentar convencer minha mãe disso.
- Mãe, eu estava aqui deitado, mas como você havia saído eu fui colocar uma musica e sentar na calcada na porta de casa, mas derre pente as luzes apagaram e eu entrei pra dentro de casa, mas nesse meio tempo Sophia saiu de casa correndo e sumiu na escurida... - Tentei me explicar mas minha mãe me interrompeu.
- Chega, amanha mesmo vamos procurar um psicologo para você, agora vai tomar banho e não saia de seu quarto para nada alem de ir ao banheiro e comer. - Interrompeu minha mãe com um olhar de decepcionada.
 Baixei a cabeça e fui tomar banho, no banho notei que a minha costela estava muito machucada, mas acho que não chegou a quebrar, e quando me olhei no espelho eu estava com olheira, e minha pele estava pálida, sem duvida eu precisava de uma noite de sono. Sai do banheiro e fui para meu quarto, ao entrar vi que Sophia estava sentada em minha cama, ela me olhou com medo.
- Diego eu estou com medo! - Afirmou ela. - Nesse momento imaginei que ela estivesse mesmo sindo desaparecida e agora estava me perguntando o que aconteceu.
- Medo de que?
- Diego eu escutei a sua conversa com minha tia, e... - Interrompi.
- Não tudo aquilo que eu disse era mentira, não tem monstro nenhum. - Tentei acalma-la.
- Não Diego, você não entendeu, eu acredito em você. Quando a luz acabou aquela hora, eu realmente sai de casa, a minha intenção era te assustar, mas como estava muito escuro eu acabei me perdendo. Fiquei caminhando sem rumo por um tempo ate que a luz voltou bem fraca, e eu notei que estava em uma rua que eu nunca estive antes, e bem no final da rua havia duas meninas junto com uma mulher de vestido branco, e nesse momento eu chamei a mulher, e pedi ajuda, mas a mulher apenas virou as costas e foi embora com as duas meninas. Ate que nisso eu não fiquei com medo, mas depois eu me assustei tanto que ate urinei nas calcas. Eu tentei seguir a mulher, mas de uma só vez a rua começou a rachar, as casas da rua ficaram velhas derre pente, e quando achei que não podia ficar pior escuto um grito, um berro que só de lembrar eu me arrepio toda, eu fiquei sem reação, foi quando eu fechei os olhos e comecei a orar, ai nesse momento tudo parou, mas quando abri os olhos tinha uma mulher, ela era muito estranha, ela deu a mão para mim e disse que ia me levar para casa e me tirar daquele lugar feio, ela pediu para eu fechar os olhos outra vez e pensar em minhas comidas preferidas, eu pensei e lasanha, e quando abri os olhos eu estava sentada no sofá da sua casa, mas quando fui te procurar você não estava mais aqui, nem no seu quarto e nem um lugar, então depois de alguns minutos minha mãe mas a sua mãe chegaram perguntado por você, e eu sem saber o que tinha acontecido, disse que você estava dormindo, mas você não estava, sei que você não estava bebendo com seus amigos, então me conte o que foi que aconteceu?
  Eu nunca poderia imaginar que a minha prima insuportável estava na mesma situação que eu, eu não sabia o que falar. Tudo ficou em pleno silencio por algum tempo ate que eu falei.
- Sophia você esta ficando louca, acho que você estava sonhando, um sonho muito profundo. - Eu sabia que não era sonho, mas quanto menos ela soubesse, menos problema eu ia ter, então desfacei com um sorriso falso.
- Então me explique como eu acordei no sofá com um prato de lasanha nas mãos? - Detalhou Sophia.
 Fiquei meio paralisado, e sem saber o que responder.
- Lamento Sophia, mas não sei o que aconteceu, eu estava o tempo todo no meu quarto dormindo.-Lamentei.
 Sophia levantou da cama com um olhar angustiado, e saiu do quarto, mas antes de sair ela olhou para trás, diretamente para mim.
- Eu sei que foi verdade, e eu vou te mostrar.
 Eu nem quis escutar, eu sabia que era tudo verdade. Apenas me deitei e tentei relaxar. - Mas não consegui.

terça-feira, 20 de março de 2012

NOVE - O renascer


Era difícil de respirar, e praticamente impossível sair dali, era uma especie de caixão, mas realmente não poderia ser um caixão. Eu empurrava com toda forca, mas não dava, a tentativa de sair dali era muito inútil para mim, sem forcas para pensar ou reagir, eu apenas fechei os olhos e torci de dedos cruzados para acordar na minha cama, e esperar que tudo isso tenha sido um sonho prolongado. Eu podia sentir meu coração parar de bater, e a falta de ar, mas eu sabia que eu não podia morrer ali, sem nem um sentido, eu não tem como compreender isso, como fui parar ali, como isso tudo foi acontecer comigo, monstros ou demônios, coisas que eu não sei descrever. De qualquer modo eu acho que não queria sair mesmo dali, talvez se eu morresse seria melhor, pelo menos eu fugiria desse inferno, que eu não consigo me suicidar, essa, pode ser a melhor opção. Com os olhos fechados eu penso em minha mãe, na minha prima no meu pai e ate mesmo na minha tia, eu os vejo me abracando e rindo, como sempre foi... Quando já estava pronto para desistir, começo a sentir algo batendo na parte de baixo de onde eu estava preso, foi ai que percebi que eu estava preso em uma caixa de madeira, talvez debaixo da terra. A cada batida que eu sentia nas costas, mas eu tinha a impressão de que a madeira estava se rompendo, ate que começou a quebrar totalmente, e por uma leve brecha de madeira quebrada, passa-se mãos que me agarram pela barriga e me levam para baixo. Eu não conseguia ver o que me segurava e me levava para baixo, estava escuro e fúnebre, eu me sentia caindo em um buraco, como um enorme buraco cavado na terra, por esse motivo eu percebi que estava preso mesmo em um caixão, e agora estava sendo levado para as terríveis profundezas do inferno.
Dessa vez eu não estava com medo, mas - sim eu deveria estar, pois pensar que eu poderia estar indo para o inferno, e realmente tenebrante. Quando eu já estava ideias na cabeça, eu sinto um forte impulso nas costa, e percebo que havia acabado de chegar a um solo fechado e gelado, e mão e me segurava sumiu, e minha visão foi junto com ela, estava tudo completamente escuro, eu não via absolutamente nada. Levantei devagar, pois ainda estava machucado, fiquei com medo de perguntar se havia alguém ali, ate que alguém perguntou por mim.
- Tem alguém ai? Por favor responda, eu não aguento mais ficar nesse escuro.- Perguntou uma voz do nada e meio cansando como a voz de alguém que esta com fome e sede.
- Ola! Eu sou Diego, que lugar é esse? - Respondi sem forcar a voz. Mas durante alguns segundos de espera nada respondeu, então insisti mais uma vez.
- Ola! Tem alguém ai?... E mas uma vez nada respondeu durante alguns segundos... Depois de um total silencio, uma voz rouca resolveu me corresponder.
- Diego, espero que tenha folego e coragem, como eu disse outra vez, Deus não esta nessa historia, pode chamar e orar, definitivamente ele não te atendara, quer um conselho? Corra sem rumo agora mesmo, talvez você ache uma saída!
- Quem é você? Por que esta fazendo isso comigo?- Perguntei assustado, depois de alguns segundos a voz me respondeu outra vez, mas agora ao meu ouvido , eu pudi ate sentir a respiração entre minha nuca e o meu cabelo.
- Eu sou você.
Depois de ouvir isso surgiram milhões de perguntas na minha cabeça, mas não fui capaz de continuar, eu sabia que aquilo não era uma coisa boa, então sem pensar, respirei fundo e sai correndo.

domingo, 18 de março de 2012

OITO - Abafado



Eu continuava andando mancando enquanto escutava tais risadas torturando meu ouvido, o breu definitivamente estava tomando o lugar outra vez,e meu medo continuava, mas por muita sorte minha coragem aumentava. Eu passava a lanterna por todos os lugares, mas tudo que eu via era velhas casas estragadas e muito mato, o que me dava arrepios. Teve um momento em que eu pensei estar na rua da minha casa, mas percebi que não era. Já cansado de andar eu entro em uma das casas que me cercam, procurando um modo de fugir daquele inferno que eu definitivamente já detestava mais que tudo.Vagarosamente eu abro uma das portas de uma das velhas casas, mais uma vez acasa estava completamente escura, mas havia algo diferente nela, avia uns múrmuros e zumbidos, como o de alguém que tenta falar, mas algo impede,eu não desisti, apenas segui meu caminho, sem nem um medo de morrer, afinal em qual momento eu perguntei para Deus o porquê disso?Eu só não perguntei por que ele sabe o que faz. Apos caminhar dois passos, achei o que estava dando zumbidos, era infelizmente algo mais atormentador do que qualquer coisa que eu já vi, meu pai estava preso em uma cela, como aquelas de se prender animais selvagens, ele estava preso com correntes que se prendiam nas grades da cela, e sua boca estava tapada com uma fita prata.
- Pai, o que estafazendo aqui?- Perguntei sem ter reação e sem pensar muito na pergunta, pois como ele poderia me responder.
Então fui chegando cada vez mais perto da cela, ate que meu pai se soltou e rapidamente arrancou da boca o que lhe tirava o som, mas mesmo com a boca livre para se explicar ele continuou calado, mas agora parado e livre para tentar sair da cela. Em um piscar de olhos meu pai estava com uma arma na mão, mas agora ele não estava sozinho no ambiente, havia mãos segurando todo o seu corpo, e não era possível ver a quem pertencia essas mãos, mas definitivamente eu não queria nem imaginar de quem poderia ser. As mãos que o seguravam começaram a se mecher, elas começaram a levar a mão que estava com a arma de meu pai ate a cabeça dele, e derrepente da escuridão surgi outra cabeça, não a de meu pai outra cabeça pálida, a cabeça foi com a boca ate os ouvidos do meu pai e com os olhos virados fascinantemente para mim, o rosto que agora estava ali era comum, como de uma pessoa feliz que tem uma vida boa, mas o seu olhar era mal, como o de alguém que estava prestes a fazer algo muito ruim, ateque uma voz interrompeu todos os meus pensamentos dizendo.
-Porque não tenta morrer pobre homem?- E essa voz saiu da boca da outra cabeça, ate que um barulho muito alto interrompe tudo, e eu pisco os olhos rapidamente quando abro meu pai esta caído no chão com uma bala perfurada na têmpora, e seu sangue esta escorrendo por todo o chão, chegando ate o meu pé.Completamente sem reação eu fechei os meus olhos, e não consegui mais abrir, tudo se escureceu, e minha mente e tomada por pensamentos absurdos, como a morte de meu pai que foi realizada por influencia daquele rosto maligno, o desaparecimento da minha prima, o possessão da minha mãe, e é claro a terrível e sanguinária morte de Lup... quando menos percebo varias vozes começam a surgir, vozes que eu não conheço, eram milhões de vozes, berrando por ajuda berrando por perdão, tentei abrir meus olhos outra vez, e agora eu estava preso, não preso por cordas ou correntes, mais sim preso em um lugar sujo com manchas de sangue... - Que lugar e esse? Esta muito abafado. -Murmureipara mim mesmo.