segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Capitulo 14. O inesperado

- Acha que a porta esta trancada? – Perguntei a Sophia, ela olhou pra mim e revirou os olhos, tentando-me constranger.
- Mas claro que esta trancada, acha que alguém iria dormir e deixar a porta aberta? – Quando me dei conta do que ela estava dizendo, percebi que estava sendo constrangido.
- Vamos por trás, deve ter alguma entrada ou janela por ali. – Disse ela apontando para o muro.
- Teremos que pular, nossa tomara que isso valha a pena.
- Pode apostar que vai valer a pena sim. – Respondeu-me já subindo ate a metade do muro, e em um piscar de olhos, Sophia já estava do outro lado do muro. Escutei-a fazendo um som de quem esta com nojo de algo, um som como, - Urrgh! Eca! Harrg. - E coisas do tipo.
- Caramba! Isto deve estar aqui há semanas, nossa! Como fede. – Disse Sophia já do outro lado do muro.
- Hei, Não vai pular? – Sophia disse aos risos forçados.
Não respondi nada, apenas fui subindo no muro, ate que percebi sua altura, e cai de lá de cima no chão, não cai por medo, o motivo real foi a minha costela que ainda doía quando eu forçava o tronco, depois que Sophia parou de rir consegui explicar para ela o porquê de eu cair de cima do muro. Havia um rato no chão, ele já estava podre, e fedia de longe, e do seu lado tinha também algumas manchas de sangue, não pude saber se era do rato ou de outra coisa.
Deixamos de lado o corpo podre e fedido do rato, foi ai que nos demos conta do quão fúnebre e estranha era a casa, parecia casa de filme de terror, era muito grande. Em um canto havia dois cachorros, mas não pareciam estar vivos, fomos chegando mais perto, e então percebemos que também estavam mortos, mas não como o rato, eles haviam morrido de fome sem duvidas, pois sua vasilha de por comida estava completamente vazia, e a de água também estava. Sophia ficou passando mal por alguns minutos, e enquanto eu ria, ela vomitava no canto da porta de entrada. A porta principal estava trancada, e não havia janelas ou qualquer outro tipo de passagem para eu e Sophia entrarmos na casa.
Abandonei aquele quintal fedido, saindo outra vez para rua, dessa vez não cai do muro. Sophia veio logo atrás, ainda passando mal e reclamando da náusea.
Ao lado da casa de Alan, tinha uma pequena casa, ela não era nem cercada por muros, e como não parecia ter ninguém, resolvemos entrar para ver se dali poderíamos achar alguma entrada pela casa de Alan. Andamos por toda volta da casa, não entramos lá dentro com medo de chegar alguém e nos denunciar para a policia. Quando estávamos já saindo da pequena casa, vejo encostada no muro uma escada, e reparei também que essa escada poderia nos por dentro da casa de Alan, pois a única janela da casa de Alan estava no andar de cima da casa, e não a outro jeito melhor de chegar lá em cima alem de escadas. Peguei a escada e coloquei rumo à janela, pedi para que Sophia fosse primeiro, para que eu ficasse de apoio caso a escada quebrasse, já que era uma coisa não tão difícil de acontecer por ela ser de madeira.
Por sorte não quebrou e Sophia chegou lá em cima, já esperando por mim, logo que ela chegou fui subindo as escadas o mais devagar possível, a escada estava muito bamba o que me deixava de pernas bambas.
Consegui chegar ate a janela, e entrei na casa. A casa era de fato antiga e com enfeites e artefatos antigos, o que aumentava meu medo, aos poucos. Estávamos agora em um quarto, que estava meio bagunçado com algumas roupas no chão. Saímos do quarto em total silencio. Agora de fora do quarto em que entramos, estávamos em um corredor, com três outras portas, duas do lado esquerdo, e uma do direito, as três estavam fechadas, fomos vasculhando uma por uma, primeiro começamos com a do lado esquerdo, era um banheiro comum, na porta lado era outro quarto, mas com outra decoração completamente diferente da do quarto anterior, parecia decoração infantil, não achamos ninguém dormindo por lá. Logo depois entramos na porta do lado direito, a porta parecia estar velha, com alguns arranhões e de todas elas era a única que estava trancada. Sophia teve a idéia de batermos na porta com forca, ela pensou que se tivesse alguém lá dentro, ela acordaria com os barulhos na porta, mas dessa vez eu raciocinei, como alguém iria dormir e trancar a porta, não a motivo pra uma pessoa comum fazer isso, foi ai que tive a idéia de tentar arrombar a porta. Chegamos para trás e nos dois juntos fomos com força na porta, com o objetivo de quebrá-la na primeira tentativa, mas não conseguimos, na quarta tentativa conseguimos fazer a porta se mover, eu já estava com dores na costela, mas não desisti, e foi com essa minha insistência que conseguimos arrombar a porta e demos de cara com Alan de pendurado numa corda que estava amarrada no teto do quarto, ele se suicidou com enforcamento era o obvio que eu e Sophia víamos. Ficamos chocados quando vimos aquilo, e agora todo o nosso esforço foi em vão. Eu ficava me perguntando o porquê dele fazer isso... O porquê de um suicídio.
Por um minuto passou a cena que esclareceu tudo em minha mente. Alan subiu as escadas correndo, ele passou do meu lado entrando para o quarto em que encontrei seu corpo, logo atrás dele vejo uma criatura com o rosto coberto por cubos brancos, cubos geométricos, os cubos ficavam no lugar do olho, e sua pele parecia ser áspera e velha, a criatura veio correndo em meu rumo, mas antes que me tocasse, Alan fechou a porta e rapidamente a trancou. Ele ficou caminhando para todos os lados do quarto, mas não havia nem uma saída, ele viu uma corda debaixo da cama, pensou um pouco, a pegou e subiu em uma cadeira para amarrá-la no teto, nesse momento eu não estava vendo Sophia, sem que eu percebesse aquilo se tornou um filme para mim. Alan já estava com a corda no pescoço, o monstro batia desesperadamente na porta, mas ela não abria, Alan olhou diretamente para mim, e escorrendo uma lagrima do olho esquerdo, ele deixou que a cadeira caísse, e se enforcou.
Agora tudo estava voltando ao normal, e eu já podia ver Sophia se lamentando por não ter conseguido salvar Alan Nicolau, não contei o filme que se passou em minha cabeça, mas acho que ela percebeu o que tinha realmente acontecido ali, isso explicava os arranhões na porta do quarto.
- Não acha melhor irmos embora? – Perguntou Sophia com lagrimas nos olhos.
- Sim, e melhor sairmos daqui logo, antes de ficarmos com problemas.
 Saímos pela mesma janela em que entramos, descemos as escadas e pulamos o muro, Sophia pulou primeiro e eu fui logo em seguida, caindo outra vez no chão, me levantei e tentei me limpar.
- O que você mencionou mesmo sobre arranjarmos problemas? – Olhei para cima me levantando rapidamente, e havia três carros de policia, os policiais saíram dos carros apontando as armas para nos, levantei as mãos, apenas um policial ficou comigo e com Sophia, os outros invadiram a casa de Alan Nicolau, o policial que estava com agente ficou olhando para mim e rindo, ate que ele disse,
- Você e o filho de Carmen? – Perguntou o policial.
- Sim. – Respondi aflito, o policial abriu um sorriso no rosto.
- Bom saber, e quem e essa garota? – Perguntou olhando para Sophia.
- Sou Sophia, por que precisa saber disso? – Interrompeu minha resposta.
- Por que tenho a impressão de que você dois estão encrencados.
 Saiu dois policiais de dentro da casa dizendo que tinha um corpo na casa, eu e Sophia nos entreolhamos e pensei comigo mesmo.
- E agora geniazinha, como iremos sair dessa?

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