segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Capitulo 16. Duas viagens.

21 de Outubro de 1995. Seis e quinze. PM
Eu consegui outra vez entrar aqui,
Já faz dois anos que eu escrevo o que vem se passando na minha vida.
A um problema em meio a isso tudo,
Os fatos em que eu havia me referido a escrituras atrás, não se endireitam mais de modo algum.
Nada mais faz sentido, então procuro agora um modo de acabar com tudo isso, não posso mais morrer, pois se eu morrer, preso neste inferno eu vou estar, então assim não terei direito de ir para o céu ou inferno, estarei encurralado num pulso paralelo.                                                     
                                                                                   Tiago Vaz.


Quando acordei já era noite, e minha mãe estava outra vez chorando, e se lamentando por ter perdido seu melhor amigo e seu marido. Ela me contou que Alan Nicolau se suicidou pelo fato de seus dois filhos, Digori e Amanda estarem desaparecidos há um mês, e depois desse um mês, os seus corpos foram encontrados em um parque. Elas foram retalhadas. Alan procurou pela sua mulher, mas ela esta desaparecida há alguns dias, então a conclusão que a policia chegou foi que ele se suicidou por tais motivos. Infelizmente eu sabia que não havia sido esse o motivo real, talvez fosse de certo modo, mas o fato de coisas o perseguirem me deixou mais abismado e concluiu mais em minha mente, que esse foi o real motivo de seu suicídio. O filme que se passou em minha mente, que mostrou exatamente como foi à morte de Alan Nicolau, pode ter sido uma visão, pois foi muito claro, e minha imaginação não chega a esse ponto de criar filmes na minha própria cabeça.
Depois de alguns segundos minha mãe conseguiu parar de chorar, e me falou a que ponto da viagem ate a fazenda de meu avo nos estávamos.
Rodovia 052 entre Aquarela e Estado Solução, faltava alguns quilômetros para chegarmos à fazenda, então peguei nas malas o Diário e comecei novamente a lê-lo, minha mãe estava muito magoada para me perguntar o que era aquele caderno.

Dia 12 de Fevereiro de 1994.
O que mais meu psicólogo iria achar disso, a sua primeira resposta foi. - Você esta ficando louco Tiago, acho que precisa de um hospício. Então abriu um sorrisinho e me entregou o diário novamente, ele disse que essa minha historia daria um ótimo livro. Só continuo escrevendo por um único motivo, alguém pode estar passando pela mesma situação que a minha, e isso pode ajudar.
Eu consegui sair daquele maldito lugar facilmente, apenas acordei, e quando acordei estava eu, deitado na minha cama. Agora eu estou tentan...

- Chegamos filho! Pegue um pouco das malas, eu vou ver se tem alguém em casa. – Interrompeu minha mãe, ela saiu do carro e foi ate a porteira, e bateu palmas, ate que de dentro da pequena casa que ficava no meio de todo o cercado saiu o meu avo, fazendo um sinal com as mãos. Meu avo não era odiado, mas também não era o mais adorado de todos, ele era bonzinho, mas seu cheiro me dava ânsias de vomito, então eu evitava o quanto podia ficar perto dele. Guardei o Diário nos bolsos e sai do carro, me avo não demorou muito para abrir a porta, e quando abriu ele me abraçou, e logo depois abraçou minha mãe, dava para ver sua cara de náusea, mas era seu pai, de qualquer modo ela tinha que abraçá-lo. A casa da fazenda do meu avo era repleta de coisas antigas, livros e tudo mais. Era bom ficar olhando todas aquelas coisas e saber que tudo era usado normalmente.
Minha mãe e meu avo conversaram um pouco sobre as coisas que vem acontecendo com ela. Os dois saíram e foram conversar em outro lugar, longe da fazenda.
Mais uma vez eu estava sozinho, eu não estava com tanto medo dessa vez, por isso fui dar uma volta pela fazenda. De fato era muito grande a fazenda, mas não fui a todas suas partes, estava muito escuro e não havia nem uma lanterna. Voltei para a casa e ainda não tinha chegado ninguém. Estava muito frio, me agasalhei e me sentei na porta da casa, fiquei por alguns segundos olhando a lua, estava linda, e era lua cheia, com aquela bela imagem tentei esvaziar minha mente. O silencio da noite não era capaz de deixar minha mente vazia, eu sempre encontrava algo para pensar, monstros e coisas do tipo. Continuei olhando para aquela linda lua, ate que a minha imaginação transformou a lua em uma mancha de sangue. Fechei meus olhos e me concentrei apenas no áudio que ali estava. Por um momento o áudio de corujas e grilos que cantavam foi interropido por um barulho, abri os olhos e me impressionei totalmente com a cena que estava diante dos meus olhos. Não era mais uma fazenda bonita e calma, tudo ali se transformou em escuridão, o canto dos grilos havia sido substituído por berros seqüenciados de criaturas que eu já conhecia. Em meio a toda aquela escuridão havia sangue no chão e algumas casas velhas e muito sujas. Me levantei rapidamente para tentar sair correndo, e foi o que aconteceu, eu corri sem direção, eu não sabia onde estava indo, mas eu sabia que não seria bom se eu corresse rumo aos berros. Eu entrei em uma casa, o meu objetivo era simples, encontrar uma lanterna, eu não conseguia ver muitas coisas com toda aquela escuridão. A casa fazia barulho a cada passo que eu dava, mas eu não me importava desde que não aparecesse criaturas tentando me matar. Eu via pouca coisa nessa casa, mas havia um pequeno armário com duas gavetas, e foi ai que consegui achar uma lanterna, e no chão havia também uma faca seja de sangue, pensei que desta vez eu poderia me defender, então peguei a faca também. Sai da casa e os berros continuavam cada vez mais altos, eu marquei o rumo onde minha mãe e meu avo tinham ido, mas esse rumo era de onde vinham os berros, mas não havia outra opção, comecei a caminhar rumo aos berros, tentando manter a calma, mas na situação em que eu estava era uma coisa bastante difícil.
Eu passei a lanterna por todos os lugares a minha volta, mas não havia muita coisa para se ver, apenas rastros de sangue, e foi o que eu segui. Os berros foram parando aos poucos, ate que eu me encontrei em um silencio profundo, e isso foi me aterrorizando de pouco a pouco.
Com a lanterna eu seguia a trilha de sangue, o lugar em que eu estava era totalmente vazio, havia só uma lua que clareava pouca coisa ali. Enquanto eu clareava o chão, não percebi que ao meu redor o cenário havia mudado, e não estava mais vazio. Agora eu estava rodeado por casas sem formas, eram casas, mas não casas comuns, elas pareciam estar de cabaça para baixo, foi ai que me lembrei do Diário de Tiago. Talvez eu podia estar no mesmo lugar em que ele esteve, mas não fiquei feliz com isso. Eu parei com a lanterna de frente para a casa mais estranha que estava ao meu redor dali, e fiquei observando aquilo. Era tão horripilante que me arrepiava ate os cabelos da perna. Tinha uma porta no meio daquela deformação de casa, mas antes que eu pensasse em entrar, a porta se partiu em dois e de dentro da porta surgiu um criatura que eu nunca tinha visto antes. Não tinha face, eram duas cabeças, mas nem uma das duas tinha nariz, olhos e boca, só tinha cabelo. A criatura caminhava devagar, pois invés de andar de quatro ela andava usando apenas três membros, um braço e as duas pernas. A criatura não fazia som algum, apenas caminhava no meu rumo. Fiquei paralisado de medo, esperando aquilo chegar ate mim. Não consegui correr. A criatura ficou frente a frente comigo, e tudo que eu conseguia fazer era ficar olhando paralisado. A faca estava na minha mão esquerda, e eu precisaria usá-la, pois a criatura estava de pe, mas mesmo assim não tive reação, e a criatura com um só braço me deu um golpe no rosto e eu cai no chão. A criatura fez forca com a parte do rosto que normalmente seria a boca, e ali se abriu um buraco, como se fosse sua boca agora. A criatura se abaixou de novo e voltou a caminhar de três ate mim. Agora tudo que se passava em minha mente era o que fazer, ate que uma coragem repentina me subiu a cabeça, e eu me levantei pondo a faca no rumo das cabeças daquela criatura, ela veio em meu rumo, e eu fiz com que a faca entrasse em sua face, assim perfurando o seu crânio. A criatura caiu no chão e começou a fazer sons estranhos e se remecher, e de uma só vez ela parou com tudo, com os sons e com suas remecheções. Eu procurei sair dali, mas quando olhei para frente, vi mais duas criaturas idênticas vindo ao meu rumo, eu sai correndo, procurando escapar daquelas criaturas, então foi ai que cai no chão, pois minha costela começou a doer. Deitado no chão e tentando me rastejar eu vi aquelas duas criaturas de duas cabeças vindo ao meu rumo, então tudo foi interrompido por uma voz me chamando.
- Diego! Diego! Já pode acordar.
Então por um breve momento tudo se escureceu, e quando menos percebo estou abrindo os olhos. Agora eu estava de frente para meu psicólogo, eu estava deitado em seu sofá. Levantei correndo e quando me dei conta de onde eu estava eu me acalmei. Agora eu estava na sala de psicologia de Daniel Oliveira.
- Esta tudo bem? - Perguntou Daniel olhando para mim.

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